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Estudo contratado pela Braskem sobre solo em Maceió contesta conclusão de Serviço Geológico do Brasil

16/09/2019 11h27

Por Alberto Alerigi Jr.

SÃO PAULO (Reuters) - A petroquímica Braskem informou ao mercado nesta segunda-feira que estudos contratados pela companhia sobre o fenômeno geológico ocorrido em Maceió, marcado por afundamento de solo e rachaduras que comprometeram vários imóveis da capital alagoana, mostraram divergências em relação a levantamento do Serviço Geológico do Brasil.

O serviço geológico brasileiro determinou em maio que as atividades de mineração de sal exercidas pela Braskem em área sob a superfície de Maceió são responsáveis pelo fenômeno.

"Os estudos, conduzidos pela Universidade de Houston, pela Fundação COPPETEC e por um grupo de renomados professores brasileiros e estrangeiros, apontaram divergências com relação às metodologias adotadas e às conclusões do Relatório CPRM", afirmou a Braskem em comunicado ao mercado nesta segunda-feira.

"Segundo os estudos, com os dados disponíveis até então, não é possível determinar as causas da instabilidade do solo nos bairros de Pinheiro, Mutange e Bebedouro, em Maceió, como afirmado no relatório CPRM", acrescentou a Braskem, que utilizava sal gema extraído do solo na região de Maceió na produção de produtos como cloro e PVC em fábricas próximas da capital alagoana.

Procurado, o CPRM afirmou que não teve acesso aos estudos contratados pela Braskem e por isso não tem como se manifestar sobre as conclusões. "Reafirmamos as conclusões do relatório técnico (do CPRM), divulgado em maio, que apontou a causa gatilho para o surgimento do fenômeno que afeta os bairros, Pinheiro, Bebedouro e Mutange", afirmou o órgão federal.

O CPRM afirmou ainda que trabalhou por mais de um ano em Maceió, "onde nesse período utilizou tecnologias de ponta e mobilizou um equipe multidisciplinar (53 pesquisadores) composta pelos melhores profissionais da instituição, que juntos realizaram um trabalho coletivo, imparcial e com total independência, que teve como único objetivo utilizar a ciência para desvendar um fenômeno geológico complexo, que afeta a vida de milhares de pessoas".

Em abril, a Prefeitura de Maceió suspendeu processos de licenciamento de construções e empreendimentos nos três bairros afetados pelo fenômeno, em meio a um decreto de estado de calamidade pública e após recomendação do Ministério Público de Alagoas, que chegou abrir ação para pedir bloqueio de 6,7 bilhões de reais da petroquímica. Autoridades municipais estimaram em junho que cerca de 10.500 famílias foram afetadas pela instabilidade do solo, das quais 4.500 tiveram recomendação para realocação.

A Braskem afirmou que segue colaborando com as autoridades na identificação das causas dos eventos geológicos, "com apoio de especialistas independentes, e comprometida na implementação das soluções". O CPRM comentou que vai analisar o levantamento da Braskem quando os dados forem disponibilizados ao órgão.

As ações da Braskem tinham elevação de 0,1% às 11h19, enquanto o Ibovespa mostrava variação positiva de 0,09%.