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Compra de ativos e taxa escalonada para bancos causam grande oposição dentro do BCE, mostra ata

10/10/2019 09h27

FRANKFURT (Reuters) - As novas compras de ativos e uma taxa de depósito escalonada geraram uma grande oposição na reunião de política monetária do Banco Central Europeu em setembro, mesmo que todas as autoridades concordando com a necessidade de mais estímulo, mostrou a ata do encontro, divulgada nesta quinta-feira.

Diante de uma desaceleração prolongada, o BCE decidiu no mês passado reduzir os juros a território ainda mais negativo, comprar títulos por tempo indefinido e proporcionar aos bancos algum alívio das taxas negativas com a introdução de uma taxa de depósito escalonada, tudo na esperança de reduzir os custos dos empréstimos e estimular o investimento.

Mas mais de um terço das autoridades - incluindo os chefes dos bancos centrais dos maiores países do bloco, França e Alemanha - se opôs às novas compras de títulos, a maior divergência interna do mandato de oito anos do presidente do BCE, Mario Draghi.

Os opositores disseram que, ao manter as compras de títulos em aberto por tempo ilimtado, o BCE pode "estimular demandas" dos mercados por ainda mais compras ao longo do tempo, o que desafiaria os vários limites auto-impostos que o BCE impunha ao esquema.

"Isso esgotaria o universo comprável e colocaria em questão os limites do programa, considerados importantes para garantir que os limites entre política monetária e política fiscal não sejam confundidos", mostrou a ata da reunião.

"Vários membros avaliaram que não havia necessidade suficientemente forte de renovar as compras de ativos líquidos, ou porque as consideram um instrumento menos eficaz ... ou porque as consideram um instrumento de último recurso", afirmou o BCE no documento.

A ata também mostrou que algumas autoridades estavam prontas para apoiar um corte maior na taxa de juros, de 20 pontos base, caso o pacote de estímulo excluísse novas compras de títulos.

Contudo, foram expressas ressalvas quanto à taxa de depósito escalonada, que protege os bancos da penalidade do BCE sobre até seis vezes o valor de suas reservas compulsórias.

Ainda assim, a ata também mostrou que todas as autoridades concordaram com a necessidade de mais estímulos, dado o fraco crescimento e as expectativas de inflação baixas, e as compras de títulos acabaram sendo apoiadas por uma "maioria clara".

A taxa de depósito escalonada teve uma "maioria" em seu apoio, ainda muito aquém de uma "maioria muito ampla" que apoiou um corte nos juros.

(Por Balazs Koranyi)