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Bivar é alvo de busca e apreensão em investigação sobre candidaturas-laranjas do PSL

15/10/2019 08h04

Por Pedro Fonseca

RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Polícia Federal foi às ruas na manhã desta terça-feira para cumprir nove mandados de busca e apreensão em endereços ligados ao presidente do PSL, o deputado federal Luciano Bivar (PE), em investigação sobre suspeita de fraudes no uso de recursos do fundo partidário em candidaturas-laranjas do partido do presidente Jair Bolsonaro.

A PF disse em nota oficial que a chamada Operação Guinhol investiga se representantes de um determinado partido político teriam ocultado, disfarçado e omitido movimentações de recursos financeiros oriundos do fundo partidário, especialmente os destinados às candidaturas de mulheres, em Pernambuco.

Uma fonte da PF com conhecimento da operação disse que o partido investigado é o PSL, e que o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) em Pernambuco expediu mandados de busca e apreensão em endereços ligados a Bivar.

"As medidas de busca e apreensão, deferidas pelo TRE/PE, visam esclarecer se teria havido burla ao emprego dos recursos destinados às candidaturas de mulheres, tendo em vista que ao menos 30% dos valores do Fundo Partidário deveriam ser empregados na campanha das candidatas do sexo feminino, havendo indícios de que tais valores foram aplicados de forma fictícia objetivando o seu desvio para livre aplicação do partido e de seus gestores", afirmou a PF.

A defesa de Bivar disse em nota que não há indícios de fraude no processo eleitoral, e acrescentou ver a operação com "muita estranheza" devido ao atual momento de turbulência política.

"A defesa enfatiza que o inquérito já se estende há 10 meses, já foram ouvidas diversas testemunhas e não há indícios de fraude no processo eleitoral. Ainda na visão da defesa, a busca é uma inversão da lógica da investigação, vista com muita estranheza pelo escritório, principalmente por se estar vivenciando um momento de turbulência política", disse o escritório de Ademar Rigueira, que responde pela defesa de Bivar e do PSL em Pernambuco.

A operação ocorre no momento em que Bolsonaro trava uma disputa com o PSL, especialmente com Bivar, que pode resultar na saída do presidente do partido. Na semana passada, Bolsonaro e parlamentares do PSL insatisfeitos com Bivar requereram, por meio de advogados, informações sobre as finanças do partido.

Bolsonaro chegou a dizer a um apoiador na porta do Palácio da Alvorada, também na semana passada, que Bivar está "queimado para caramba" e que o apoiador deveria esquecer o PSL.

O caso das candidaturas-laranjas do PSL começou a ser investigado pela PF em Minas Gerais, em um caso que levou o Ministério Público a denunciar o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, por suspeita de envolvimento, no início do mês.

Em nota, sem citar o nome de Bivar, o Ministério Público Eleitoral em Pernambuco informou que a investigação ocorre há meses e não tem "relação alguma com divergências partidárias noticiadas pela imprensa nas últimas semanas, muito menos teve interferência de órgãos ou autoridades estranhas" ao MPE, à Polícia Federal e à Justiça Eleitoral.

A nota disse ainda que foi o Tribunal Regional de Pernambuco que autorizou na véspera a expedição dos mandados de busca e apreensão em endereços de pessoas investigadas por possíveis crimes eleitorais, na apreciação de um recurso após essas medidas terem sido rejeitadas pela Justiça Eleitoral de primeira instância no início do mês passado.

(Reportagem adicional de Lisandra Paraguassu e Ricardo Brito, em Brasília)