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Reino Unido reduz divergências em negociações sobre Brexit, mas restam apenas algumas horas

15/10/2019 13h59

Por Gabriela Baczynska e Padraic Halpin

LUXEMBURGO/DUBLIN (Reuters) - O Reino Unido e a União Europeia avançaram em negociações de última hora para elaborar um acordo sobre o Brexit a tempo da cúpula dos líderes nesta semana, mas com poucas horas para concluir um acordo ainda não está claro se Londres pode evitar o adiamento na saída programada para 31 de outubro.

O negociador da União Europeia para o Brexit, Michel Barnier, deixou claro em uma reunião de ministros em Luxemburgo que se um acordo não fosse alcançado nesta terça-feira, seria tarde demais para enviar qualquer coisa para os líderes do bloco aprovarem em sua reunião na quinta e sexta-feiras.

No entanto, ao passo que as conversas técnicas continuam em Bruxelas, surgiam rumores de que as divergências sobre um acordo haviam diminuído e os dois lados estavam perto de concordar com um texto.

Uma autoridade da UE disse que um acordo "estava próximo, mas não era 100% certo", acrescentando que "ainda há partes que precisam ser acertadas". Outros foram mais cautelosos: uma autoridade disse que era "prematuro demais" concluir que um acordo estava próximo.

O principal ponto de discórdia continua sendo a fronteira entre a Irlanda, membro da UE, e a província britânica da Irlanda do Norte.

Três anos depois que os britânicos votaram em um referendo para deixar a UE, os negociadores ainda estão lutando com a questão de como impedir que a fronteira se torne porta dos fundos no mercado único do bloco sem estabelecer controles que possam minar o acordo de paz de 1998 que encerrou décadas de conflito.

O primeiro-ministro irlandês, Leo Varadkar, confirmou que as negociações do Brexit haviam feito progressos e estavam seguindo na direção certa.

"As indicações iniciais são de que estamos progredindo, que as negociações estão caminhando na direção certa", disse Varadkar a repórteres em Dublin.

"Mas se seremos capazes de concluir um acordo de saída revisado, que afinal é um tratado internacional, a tempo da cúpula de quinta-feira, isso ainda não está claro."

Varadkar disse que o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, afirmou em uma reunião na semana passada que estava confiante de que poderia conseguir que o acordo sobre o Brexit passassem pelo Parlamento britânico.

Perguntado se ele ainda diria que a diferença entre o Reino Unido e a UE era significativa, Varadkar respondeu:

"Sim, mas essas discussões estão acontecendo em Bruxelas no momento. Vou receber mais informações esta noite, então a situação pode ter mudado mesmo nas últimas horas, mas a divergência ainda era bastante grande, principalmente na questão aduaneira."

Se Londres não conseguir fechar um acordo, poderá ocorrer uma separação desordenada que afetaria o comércio e os negócios, perturbaria os mercados financeiros e potencialmente levaria à cisão do Reino Unido.

Mesmo que consiga a aprovação das grandes potências da Europa, Johnson ainda deve vender qualquer acordo para um parlamento britânico no qual ele não tem maioria.

Johnson, uma figura de destaque no referendo de 2016 que chegou ao poder como chefe do Partido Conservador em julho, prometeu tirar o país do bloco em 31 de outubro, independentemente de um acordo de saída ter sido alcançado ou não.

Mas o parlamento aprovou uma lei dizendo que não pode sair sem um acordo e Johnson não explicou como ele pode contornar isso.