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Trump elogia negociação comercial EUA-China, mas Pequim vai contra os EUA na OMC

21/10/2019 13h16

Por Steve Holland e Makini Brice

WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta segunda-feira que os esforços para pôr fim à guerra comercial entre EUA e China vão bem, embora as duas maiores economias do mundo continuem a divergir sobre comércio e política globalmente mesmo com o anúncio da esperada trégua neste mês.

Na semana passada, Trump havia dito esperar que a primeira fase do acordo seja assinada até meados do próximo mês.

"O acordo com a China vai indo muito bem. Eles querem um acordo", disse Trump antes de uma reunião de gabinete, enfatizando o custo que as tarifas norte-americanas geraram para a economia chinesa. "Eles meio que têm que fazer um acordo... porque a cadeia de oferta deles está descendo pelos ralos."

O representante comercial dos EUA, Robert Lighthizer, disse que o objetivo do governo ainda é terminar a "fase um" até as reuniões da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec) no Chile, 16 e 17 de novembro, mas que ainda há questões pendentes.

Ele disse que reuniões de segundo escalão ocorreram nesta segunda e que ele e o secretário do Tesouro dos EUA, Steven Mnuchin, conversarão com autoridades chinesas na sexta-feira.

O secretário de Comércio dos EUA, Wilbur Ross, também amenizou expectativas de que um acordo seja finalizado no próximo mês, dizendo à Fox Business Network que o cronograma é menos importante do que "fazer o acordo certo".

O assessor econômico da Casa Branca, Larry Kudlow, disse à emissora que 15% das tarifas sobre muitos bens de consumo importados da China, incluindo celulares, laptops e tablets, podem ser revogados se as negociações seguirem bem.

Enquanto importantes autoridades do governo Trump trabalham em um acordo comercial, outros seguem atacando a China em outros assuntos, levantando dúvidas sobre o quão bem a administração está coordenando a política ligada ao país asiático.

O secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, afirmou que foi "completamente inapropriado" a China retaliar contra negócios norte-americanos por causa de comentários sobre os protestos pró-democracia em Hong Kong.

Passos positivos nas nrgociações comerciais também não impediram a China de buscar 2,4 bilhões de dólares em sanções retaliatórias contra os EUA pelo não cumprimento de uma decisão da Organização Mundial do Comércio (OMC) ligada à era Obama.

Juízes da OMC apontaram em julho que os EUA não cumpriram totalmente a decisão da OMC e podem enfrentar sanções chinesas se não removerem tarifas que quebram as regras da organização.

O órgão de resolução de disputas da OMC deu efetivamente a Pequim a luz verde para buscar sanções compensatórias em meados de agosto. Os EUA disseram na época que não consideravam válidas as conclusões da OMC e que os juízes adotaram "a interpretação legal errada nessa disputa".

A delegação norte-americana na OMC disse que a China continua a ser a "transgressora em série" do acordo de subsídios da OMC, mas autoridades dos EUA em Genebra e Washington não fizeram comentários adicionais sobre o assunto.

(Por Steve Holland e Makini Brice, reportagem adicional de Lisa Lamber, Andrea Shalal, David Brunnstrom e Stephanie Nebehay)