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Draghi defende seu legado e BCE mantém política monetária

24/10/2019 08h57

Por Francesco Canepa e Balazs Koranyi

FRANKFURT (Reuters) - O presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, defendeu sua postura de política monetária ultrafrouxa nesta quinta-feira, ao passo em que seu mandato de oito anos termina exatamente no mesmo lugar em que começou: tentando dar sustentação à moeda única do bloco.

Com o crescimento em dificuldades para se manter em um território positivo e as perspectivas econômicas ficando cada vez mais obscuras, esse dificilmente era o grand finale esperado por Draghi, cuja promessa em 2012 de fazer "o que for preciso" para salvar o euro -- código para resgatar países altamente endividados -- recebe o mérito de ter salvado a moeda única de um colapso.

Com a inflação caindo para menos da metade da meta do BCE e com pouca esperanças de uma rápida recuperação, Draghi até manteve a porta aberta para mais estímulos, dias antes de passar a liderança para a nova presidente do BCE, Christine Lagarde.

Apesar do fraco crescimento na zona do euro, Draghi insistiu que os benefícios da política de afrouxamento monetário superavam em muito os riscos e rejeitou a sugestão de que uma divisão de opiniões com alguns membros do banco mancharia seu legado.

"Eu me sinto como alguém que tentou cumprir o mandato da melhor maneira possível", disse Draghi, cujo mandato encerrou sem um único aumento na taxa de juros, em entrevista coletiva.

"Essas divergências são muitas vezes tornadas públicas e muitas vezes não são, então ... tomei isso como parte integrante do debate e discussões em andamento."

Embora tenha reconhecido que o banco estava atento a quaisquer consequências não intencionais de taxas de juros ultrabaixas e negativas, ele acrescentou que elas claramente estimularam a economia por meio de empréstimos mais altos e ajudaram a aumentar os níveis de emprego.

"Para nós, foi uma experiência muito positiva", disse ele.

A briga com alguns membros no Conselho do BCE tirou o brilho de um reinado de outra maneira notável, no qual Draghi liderou o BCE em um experimento sem precedentes com uma política monetária não convencional que ajudou a evitar a deflação e impediu que uma crise da dívida ficasse fora de controle.

Grande parte do foco desta quinta-feira ficou sobre sua decisão de manter o programa de compra de títulos ativo, o qual amarrará as mãos de sua sucessora nos próximos anos, apesar da oposição compor um terço das autoridades do banco.

Na reunião desta quinta-feira, o BCE manteve sua taxa principal de depósito em -0,5%. Também reafirmou que suas compras de títulos começarão em novembro, a um ritmo de 20 bilhões de euros por mês, durando "o tempo necessário".