Bolsonaro lamenta vitória de Fernández na Argentina e diz que não irá parabenizá-lo
(Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro lamentou nesta segunda-feira a vitória do candidato de centro-esquerda Alberto Fernández na eleição presidencial argentina e disse que não irá parabenizá-lo pelo resultado, reiterando que o país vizinho pode inclusive ser afastado do Mercosul.
"Lamento, eu não tenho bola de cristal, mas acho que a Argentina escolheu mal. Primeiro ato do Fernández foi já Lula Livre, dizendo que ele está preso injustamente, já disse a que veio", disse Bolsonaro a jornalistas ao deixar os Emirados Árabes Unidos a caminho do Catar, sua próxima parada em uma viagem pela Ásia e o Oriento Médio.
Perguntado se daria os parabéns a Fernández, que derrotou o presidente neoliberal Mauricio Macri na votação de domingo, Bolsonaro respondeu que não, mas ressaltou que não vai se indispor. "Vamos esperar o tempo para ver qual é a posição real dele na política. Ele vai assumir, vai tomar pé do que está acontecendo, e vamos ver qual linha ele vai adotar".
A vitória de Fernández, que tem a ex-presidente argentina Cristina Kirchner como vice, levou o peronismo de volta ao poder na Argentina após uma profunda crise econômica atravessada pelo país durante o governo Macri.
Durante a campanha eleitoral no país vizinho, Bolsonaro quebrou a tradição da posição brasileira de não comentar as questões políticas internas dos vizinhos e ameaçou tentar suspender a Argentina do Mercosul.
O presidente voltou a comentar essa possibilidade após a confirmação da vitória de Fernández, dizendo que será considerada caso o futuro governo argentino prejudique o acordo negociado pelo bloco com a União Europeia.
"Se interferir (no acordo Mercosul-União Europeia), segundo o Paulo Guedes, nós, não digo que sairemos do Mercosul, mas podemos juntar ali Paraguai, não sei o que vai acontecer nas eleições do Uruguai, e decidirmos se a Argentina fere alguma cláusula do acordo ou não", disse Bolsonaro.
"Se ferir, podemos afastar a Argentina, mas a gente espera que nada disso seja necessário fazer. Espero que a Argentina não queira, na questão comercial, mudar o seu rumo", acrescentou.
(Por Pedro Fonseca, no Rio de Janeiro)
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