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Petrobras prevê ofertar metade da capacidade de transporte de gás a terceiros

29/10/2019 20h36

RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Petrobras poderá ofertar metade da capacidade atualmente contratada nos dutos de transporte de gás para outros players, buscando seguir um plano do governo para quebrar monopólios no setor, afirmou nesta terça-feira diretora de Refino e Gás Natural, Anelise Lara.

Atualmente, 100% da capacidade dos dutos --incluindo TAG, NTS e Gasbol-- de cerca de 120 milhões de metros cúbicos de gás por dia está contratada com a Petrobras.

Neste ano, a petroleira fechou um acordo com o órgão antitruste Cade, que prevê a oferta dessa capacidade ociosa para o uso de outros players, em busca de aumentar a competitividade do setor e reduzir preços da tarifa de transporte.

A ideia é de que haja um rateio das tarifas de transporte.

"A gente definiu em vários pontos de saída qual seria a nossa demanda, e em uma média global a gente está falando de metade", afirmou Lara, explicando que a outra metade deverá ser ofertada ao mercado.

Segundo a executiva, o interesse da Petrobras após essa oferta de capacidade será negociar apenas o gás de seu próprio portfólio, abrindo espaço para que as petroleiras que produzem o insumo no país negociem os seus próprios volumes.

"Aquilo que hoje a gente compra dos parceiros, porque eles não conseguem comercializar o gás no Brasil, eles vão poder comercializar. A ideia é que eles mesmos comercializem o seu gás e tomem o risco do mercado", afirmou.

Em meio aos planos de abertura do setor de gás, a executiva também reiterou que a empresa está estudando um IPO para a venda de suas rotas de escoamento de gás.

"Quando colocar à venda o sistema de rotas, nossa intenção é ficar minoritário", disse.

A executiva informou que atualmente a demanda de gás da Petrobras está alta, por volta de 80 milhões a 85 milhões de metros cúbicos por dia, incluindo gás nacional, importado e Gás Natural Liquefeito (GNL), devido ao baixo nível dos reservatórios das hidrelétricas que sustenta o consumo das térmicas. O patamar deverá persistir até pelo menos fevereiro.

GÁS DA BOLÍVIA Lara também comentou sobre as negociações com a boliviana YPFB sobre seu contrato de importação de gás da Bolívia, atualmente de 30 milhões de metros cúbicos por dia.

Segundo ela, as negociações estavam avançadas e a empresa aguarda a confirmação das eleições na Bolívia para que possam ser finalizadas.

O contrato termina no fim deste ano, mas deverá contar com um aditivo para que o gás comprado --mas não consumido-- pela Petrobras ao longo dos últimos 20 anos seja retirado, o que deverá ocorrer ao longo dos próximos três ou quatro anos.

A intenção da Petrobras no aditivo é reduzir a demanda para 20 milhões de metros cúbicos de gás.

(Por Marta Nogueira, Gram Slattery e Brad Haynes)