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Petróleo no NE não afeta leilões, diz ministro; Petrobras vê agressão ambiental

Ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque - Pedro Ladeira/Folhapress
Ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque Imagem: Pedro Ladeira/Folhapress

Marta Nogueira e Rodrigo Viga Gaier

29/10/2019 13h21

Um misterioso derrame de petróleo que tem atingido o litoral do Nordeste desde o início de setembro não afetará a atração de investidores para leilões de áreas de exploração do pré-sal, agendados para 6 e 7 de novembro, cujas perspectivas são "muito positivas", disse o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque.

O ministro disse hoje não ver "relação de causa e efeito" entre o óleo na costa e as licitações, após ser questionado por jornalistas na OTC Brasil 2019, feira internacional de tecnologia do setor que acontece no Rio de Janeiro.

Ele também afirmou que o governo tem feito "tudo o que lhe compete" para minimizar o problema ambiental no Nordeste.

"Não tem uma relação de causa e efeito. Não é por conta da exploração de campos de petróleo, das nossas riquezas, que foi motivado esse acidente", disse o ministro.

"Como nós sabemos, esse óleo que foi encontrado nas praias do Nordeste não é de origem brasileira, então não tem nada a ver com a atividade de óleo e gás no Brasil, não tem nada a ver com leilões de petróleo e gás, eles vão continuar sendo realizados normalmente."

O ministro também afirmou não haver prejuízo político diante da resposta do governo ao incidente, com o Ministério Público Federal questionando a eficácia das ações na limpeza das praias.

"O prejuízo político disso, eu não vejo. Vejo muito pelo contrário... O governo foi efetivo no combate e também na mitigação de todos esses danos que estão sendo causados ao meio ambiente, às comunidades e à própria atividade econômica."

O diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Décio Oddone, foi na mesma linha, afirmando que o caso não afeta o desenvolvimento da indústria de petróleo no Brasil.

Segundo ele, o apetite da Petrobras por áreas relevantes que serão oferecidas no leilão do excedente da cessão onerosa já deve garantir o sucesso do certame, agendado para 6 de novembro.

O presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, disse em outro evento no Rio, nesta terça-feira, que a estatal vai participar "para ganhar" o leilão da cessão onerosa, após ter exercido seu direito de preferência pelas áreas de Búzios e Itapu.

O direito de preferência da estatal é garantido por lei em leilões do pré-sal, com 30% de participação, e a estatal pode ampliar sua fatia mínima na data de realização do certame.

As maiores petroleiras do mundo são aguardadas na disputa pelas áreas que demandarão pesados investimentos, na próxima semana.

DESASTRE

Em seminário na FGV, Castello Branco, disse ainda que o vazamento no Nordeste é "a maior agressão ambiental sofrida pelo nosso país em nossa história".

O executivo disse ainda que a petroleira "está fazendo sua parte", tanto com análises sobre o petróleo recolhido nas praias quanto no apoio à mitigação dos impactos do incidente. A empresa deverá ser ressarcida por isso.

Na semana passada, a Petrobras apontou que o petróleo teria origem em três campos venezuelanos.

Outras petroleiras com atividade no Brasil também estão trabalhando para auxiliar o governo federal no combate ao petróleo nas praias e também nas investigações, disse o presidente do Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP), José Firmo, que reúne as petroleiras no Brasil.

Segundo Firmo, o IBP está coordenando o envio de amostras do petróleo para serem testadas em laboratórios na Noruega e na França, com o objetivo de ter mais informações sobre o tema.

Firmo também destacou que, desde o início, o IBP deu acesso ao governo a um banco de dados com ferramentas de georreferenciamento e outras informações que poderiam facilitar o trabalho das autoridades.

O IBP também está trabalhando em uma modelagem para entender melhor o deslocamento do petróleo. "Não tem nenhuma empresa que não esteja disposta a ajudar e a trazer recursos para isso, um acidente desses não interessa para a indústria", disse Firmo, também durante a OTC Brasil.

"A gente na indústria fala que o único ambiente de negócios que a gente não compete é na segurança."

(Por Rodrigo Viga Gaier e Marta Nogueira; com reportagem adicional de Gram Slattery)

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