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Projeto para térmica de R$1,5 bi a GNL no Pará prevê fornecer gás à indústria local

30/10/2019 14h10

Por Luciano Costa

SÃO PAULO (Reuters) - Um projeto da norueguesa Golar Power e da brasileira Evolution Power Partners (EPP) para implementar uma termelétrica a Gás Natural Liquefeito (GNL) no Pará envolve também planos para fornecer gás a grandes empresas no polo industrial local de Barcarena, disse à Reuters um executivo ligado ao empreendimento.

Uma associação entre Golar e EPP vendeu antecipadamente a produção da usina Novo Tempo Barcarena no leilão de energia A-6, promovido pelo governo federal neste mês. Os contratos, com 25 anos de duração, têm início do suprimento em 2025.

Para abastecer a térmica, que terá 604,5 megawatts em capacidade, as empresas preveem importar GNL e estabelecer um terminal com navio FRSU (unidade flutuante de armazenamento e regaseificação, na sigla em inglês) no porto de Vila do Conde, a partir do qual pretendem garantir outras destinações para o gás.

O orçamento estimado é de 1,5 bilhão de reais, sendo 1,2 bilhão só para a usina térmica e 200 milhões de reais para o terminal. Já o navio FRSU vai ser afretado junto à Golar em contrato de longo prazo.

"Quanto mais clientes o terminal tiver, menor vai ser o custo operacional dele para a térmica. Então nossa intenção é a partir desse terminal atender diversos clientes. A térmica vai ser uma âncora, na verdade; vai ancorar o terminal de GNL que vai trazer gás para toda a região", disse o diretor da EPP, Mauricio Carvalho.

O GNL seria importado dos Estados Unidos ou Catar, acrescentou ele.

Na mira do empreendimento está a demanda de diversas grandes indústrias em Barcarena, incluindo a refinaria de alumínio Alunorte, da norueguesa Norsk Hydro, e outras empresas, além de outras térmicas locais que hoje usam diesel e poderiam ser convertidas para geração com gás.

O terminal deverá regaseificar o GNL importado para envio à usina Novo Tempo e outros clientes. O terminal terá capacidade de armazenamento de 170 mil metros cúbicos em GNL, o que permitirá a regaseificação de até 20 milhões de m³/dia.

A térmica, quando acionada, terá um consumo de cerca de 2,3 milhões de m³/dia, segundo Carvalho.

"Queremos fazer o que chamamos de GNL em pequena escala. A gente fraciona a carga através do terminal e distribui com navios menores, balsas, e até contêineres refrigerados", explicou ele, apontando que a ideia é fazer o transporte por rios na região e rodovias.

O executivo afirmou ainda que a expectativa é começar a gerar receitas com o fornecimento de gás antes mesmo da conclusão das obras da usina, que levarão mais tempo.

Após o leilão, a Golar disse em comunicado que o terminal de GNL dever iniciar operações em meados de 2021.

"A intenção é começar (as negociações com potenciais consumidores de gás) desde já. A gente vem trabalhando há quatro anos nesse projeto e já investimos muito tempo e dinheiro no levantamento desse mercado. O mercado da região Norte está mapeado", disse Carvalho.

CRONOGRAMA E FINANCIAMENTO

As obras da termelétrica deverão ter início no segundo semestre de 2020, com expectativa de alguma antecipação em relação ao prazo estabelecido no leilão, de operação em janeiro de 2025, mas o diretor da EPP não detalhou prazos.

Já o contrato de fornecimento de GNL que abastecerá o empreendimento será fechado com uma empresa de grande porte do setor de óleo e gás, afirmou Carvalho, sem comentar nomes.

Ele disse também que as parceiras no projeto no Pará já iniciaram conversas com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Banco da Amazônia, e em paralelo avaliam captar recursos no mercado de capitais para financiar o projeto.

A Golar Power, parceria entre a Golar LNG e a Stonepeak Infrastructure Partners, terá 50% do empreendimento no Pará, enquanto a EPP terá os 50% restantes.

As empresas ainda veem possibilidade de expansão futura, uma vez que já possuem licença ambiental para implementar em torno de 1,6 gigawatt em térmicas na região, mais que o dobro da capacidade já viabilizada no leilão governamental.

As expansões poderiam ser inscritas em leilões de energia do governo brasileiro no futuro, disse Carvalho, incluindo um certame que o Ministério de Minas e Energia pretende promover em 2020 para contratar térmicas a gás e carvão.