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Braskem poderá reajustar estimativa de realocação de pessoas em Maceió, diz presidente

18/11/2019 17h26

Por Alberto Alerigi Jr.

SÃO PAULO (Reuters) - A estimativa da Braskem de realocação de 1.500 pessoas em Maceió para implantação de plano de resguardo de áreas atingidas por fenômeno de afundamento de solo na capital alagoana é preliminar e poderá ser revista nos próximos meses, conforme a empresa discute a situação com autoridades, afirmou o presidente da petroquímica, Fernando Musa, nesta segunda-feira.

A companhia divulgou no final da quinta-feira que vai encerrar em definitivo atividades de mineração de sal sob o solo da capital alagoana e propôs medidas de criação de áreas de resguardo em torno de "determinados poços". Estas áreas envolvem cerca de 400 imóveis e 1.500 pessoas, que terão que encontrar outros locais para morar.

"A Braskem vai disponibilizar os recursos necessários para a execução do plano", disse Musa em teleconferência com jornalistas nesta segunda-feira.

O executivo, porém, evitou comentar quanto a companhia terá de reservar no orçamento para fazer eventuais ressarcimentos de vítimas e reparações de custos incorridos pela cidade. No comunicado enviado ao mercado na quinta-feira sobre o encerramento definitivo de parte dos poços, a companhia afirmou que "em relação ao fenômeno geológico ocorrido em Maceió, a Braskem seguirá colaborando com as autoridades, com apoio de especialistas independentes, na identificação das causas e na implementação das ações necessárias".

No final de setembro, uma comissão da Câmara Municipal de Maceió apresentou pedido de indiciamento da diretoria da Braskem, acusando a petroquímica de ser responsável direta por problemas causados a milhares de famílias devido ao afundamento de solo e a rachaduras provocados em três bairros da capital alagoana.

Segundo relatório do Serviço Geológico do Brasil apresentado em maio, as causas do fenômeno teriam sido consequência de atividades de mineração de sal-gema pela Braskem sob a superfície de Maceió. A petroquímica contesta o levantamento.

Procurada, a prefeitura de Maceió informou que mais de 40 mil pessoas estão sendo afetadas pelo problema de instabilidade de solo que afeta os bairros do Pinheiro, Mutange, Bebedouro e Bom Parto. Um total de 9.603 imóveis foram afetados, dos quais 4.438 com recomendação de realocação.

"Atualmente, 2.108 famílias recebem ajuda humanitária do governo federal para permanecerem fora da área de risco prevista no Mapa de Setorização de Danos e de Linhas de Ações Prioritárias", afirmou a prefeitura, acrescentando que a instabilidade do solo continua nos bairros de Pinheiro, Mutange e Bebedouro, com aparecimento de novos casos de fissuras e rachaduras nos imóveis.

A prefeitura informou ainda que uma reunião com representantes da Braskem para apresentação do plano de ação está prevista para esta semana.

"Recebemos os últimos relatórios na semana passada e estamos trabalhando internamente no detalhamento do plano de ação. A estimativa de 400 imóveis e 1.500 pessoas é preliminar e foi calculada antes da discussão com a defesa civil, ANM (Agência Nacional de Mineração) e outras autoridades", disse o presidente da Braskem nesta segunda-feira. "Hoje não temos condições de fazer estimativas de provisão", afirmou o executivo.

As ações da Braskem exibiam queda de 1% às 17h17, enquanto o Ibovespa mostrava desvalorização de 0,2%.

MERCADO PETROQUÍMICO

A Braskem reduziu sua estimativa para a demanda brasileira de resinas de crescimento de 4% a 4,5% em 2019 para 2% diante das seguidas decepções das projeções de expansão da economia do país neste ano. Para 2020, porém, Musa afirmou que o mercado interno deve apresentar performance superior, uma vez que as previsões de retomada são mais robustas.

Ele comentou que o ano de 2020 deve seguir "desafiado" para o mercado internacional de polietileno, em meio à guerra comercial iniciada pelos Estados Unidos contra a China.

Sobre a negociação para renovação de contrato de fornecimento de nafta da Petrobras, que vence no final de 2020, Musa afirmou que o momento ideal para iniciar uma discussão com a estatal "é o segundo semestre" deste ano, mas evitou mencionar se a Braskem já começou as conversas com a petrolífera.

"É um processo complexo e longo que vai levar vários meses para a evolução", afirmou Musa, acrescentando que no terceiro trimestre a participação de nafta da Petrobras no total consumido pela Braskem foi de 34% ante 50% em 2017. O restante correspondeu à máteria-prima importada.