Grupo português diz ter recebido novas ofertas para construir resort de luxo na Bahia
Por Victoria Waldersee e Anthony Boadle
LISBOA/BRASÍLIA (Reuters) - O grupo hoteleiro português Vila Galé recebeu novas ofertas para construir um resort de luxo na Bahia e "dará sequência" a uma delas, disse o presidente-executivo na quinta-feira, três dias depois de a empresa cancelar um projeto na mesma região devido à pressão pública causada por um questionamento sobre a posse da terra.
Há 15 anos o grupo indígena Tupinambá de Olivença reivindica uma reserva na terra onde o Vila Galé havia planejado construir um resort.
O Vila Galé, segundo maior grupo hoteleiro de Portugal, cancelou os planos para o resort na cidade de Una, na segunda-feira, devido ao crescimento da pressão pública. [nL2N27Z091]
Mas em uma conferência realizada na quinta-feira, o CEO Jorge Rebelo de Almeida disse que nesta semana foi abordado com "duas ou três oportunidades" para construir no mesmo município e que dará sequência a uma delas, relatou a agência de notícias portuguesa Lusa.
"Neste momento a única informação que podemos facultar é que mantemos o interesse em construir na mesma região do resort para não frustrar as expectativas de todos os que ansiosamente o esperavam", disse a diretora de marketing do Vila Galé, Catarina Pádua, em e-mail enviado à Reuters.
O presidente Jair Bolsonaro, que tem prometido assimilar as tribos indígenas na sociedade brasileira, deixou claro que não autorizará a criação de novas reservas porque há terra demais para poucos índios.
Mais de 4,5 mil tupinambás vivem em 23 aldeias em cerca de 47 mil hectares na costa da Bahia, área que afirmam ser herdada de seus ancestrais.
O cacique da aldeia mais próxima ao local em que o resort seria construído, cacique Babau Tupinambá, disse que a empresa portuguesa procura agora uma terra que não seja reivindicada por sua tribo.
"Ouvi falar que eles disseram que irão ver outro local para fazer o projeto, e que não vai ser na terra indígena. Como podiam fazer isso (construir na terra indígena), se nosso povo tem documentos desde 1700 e pouco?", afirmou o cacique via telefone.
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