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Dólar cai abaixo de R$4,10 e tem mínima em mais de um mês com expectativa de acordo comercial

Por José de Castro e Luana Maria Benedito
Imagem: Por José de Castro e Luana Maria Benedito

12/12/2019 10h43

Por José de Castro e Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar passou a cair e bateu uma mínima em mais de um mês ante o real nesta quinta-feira, abaixo de 4,10 reais, repercutindo a reação positiva de ativos no exterior a uma série de notícias indicando alívio nas tensões comerciais entre Estados Unidos e China.

O presidente dos EUA, Donald Trump, disse que está "muito próximo" de alcançar um "grande acordo" com a China. Negociadores dos EUA ofereceram o cancelamento de tarifas planejadas para entrar em vigor sobre produtos chineses no próximo dia 15, além de redução de alíquotas de taxações já em curso, informou o Wall Street Journal, citando fontes.

O dólar --que antes das notícias rondava estabilidade, em torno de 4,12 reais-- passou a cair de forma clara até atingir uma mínima de 4,0965 reais na venda. Pela taxa de compra, a cotação desceu a 4,0951 reais, menor patamar intradia desde os 4,0410 reais de 7 de novembro.

Por volta de 13h06, o dólar à vista recuava 0,39%, a 4,1035 reais na venda.

Na B3, o contrato de dólar futuro mais negociado tinha queda de 0,50%, a 4,1055 reais.

No exterior, moedas emergentes e associadas a risco lideravam os ganhos nos mercados globais de câmbio, com destaque para won sul-coreano, rand sul-africano e iuan chinês offshore. Divisas que se beneficiam de estresse econômico e político, como o iene japonês, se depreciavam.

As ações globais bateram recorde histórico, e o Ibovespa superou 112 mil pontos pela primeira vez.

O noticiário positivo no fim da manhã se seguiu à manutenção dos juros pelo Fed (banco central dos EUA) na véspera e à elevação pela agência de classificação de risco S&P da perspectiva para o rating soberano brasileiro em moeda estrangeira.

"(Tudo) Isso acabou tendo um efeito altista em bolsas e de baixa para o dólar", disse Cleber Alessie Machado, operador da Commcor. A percepção de postergação em altas de juros nos EUA melhora a atratividade de emergentes, como o Brasil, que poderia ser beneficiado com fluxos de investidores em busca de retornos.

Somam-se a esse cenário novos sinais de que a economia brasileira está ganhando tração. O volume do setor de serviços do Brasil começou o quarto trimestre com alta pela segunda vez seguida, no melhor resultado para outubro em sete anos e indicando recuperação, com fim de ano positivo, segundo dados do IBGE divulgados nesta quinta-feira.

No entanto, o entendimento de que o Banco Central não fechou a porta para novos cortes da Selic seguia no radar de investidores do mercado de câmbio. Na véspera, o BC cortou a Selic em 0,50 ponto percentual, para nova mínima histórica de 4,50% ao ano.

"O comunicado do comitê (Copom) não se compromete com cortes adicionais na taxa de juros, mas também não os exclui", disse em nota Mario Mesquita, economista-chefe do Itaú Unibanco.

A queda da Selic neste ano a sucessivas mínimas históricas tem pressionado o real, uma vez que tem reduzido o diferencial de juros entre o Brasil e o mundo. Isso torna as aplicações em renda fixa local menos atrativas, afetando a perspectiva de ingresso de capital ao Brasil em busca de retornos e, por tabela, impactando a oferta de dólares no país.