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Construtora de linhas de energia Tabocas busca sócio e estuda entrada no setor de gás

17/12/2019 16h16

Por Luciano Costa

SÃO PAULO (Reuters) - A construtora especializada em linhas de transmissão de energia Tabocas está em busca de um sócio minoritário para impulsionar seu crescimento, que deverá passar também pela avaliação de uma diversificação dos negócios rumo ao setor de gás natural, disse à Reuters o presidente da companhia, Caio Barra.

Fundada em 1999, a companhia prevê concluir o ano de seu aniversário de duas décadas com faturamento direto próximo de 600 milhões de reais, contra cerca de 550 milhões em 2018, afirmou o executivo, que projetou que o número pode saltar para entre 800 milhões e 900 milhões de reais em 2020.

"Estamos procurando um sócio que queira vir para fortalecer mais a empresa. Já temos alguns interessados e estamos em negociação. Temos que aguardar, mas em 2020 certamente nós teremos alguma novidade nesse sentido", afirmou Barra.

A empresa contratou a XP Investimentos para assessorar o processo, que poderá envolver tanto a atração de um investidor financeiro quanto de um sócio estratégico, como uma grande empresa de infraestrutura ou construção.

"A ideia é em um primeiro momento nós continuarmos majoritários, então seria (para venda) de até 49%. Nada impede que no futuro seja mais."

A Tabocas Participações e Empreendimentos foi criada por Barra, ex-diretor da Eletronorte, subsidiária da Eletrobras, em sociedade com um primo, Flávio Resende, atualmente diretor administrativo e financeiro.

"Quando trabalhei na Eletronorte, era visível no planejamento energético que o Brasil nos próximos anos precisaria de transmissão, até pelas distâncias do país. Achei que aquilo ali seria um negócio interessante. Saímos do zero e fomos devagarzinho", afirmou.

Atualmente, a companhia tem "surfado" em um bom momento da indústria de transmissão de energia no Brasil— os últimos leilões de projetos no setor têm atraído forte interesse de investidores e resultado em obras bilionárias.

Em meio a esse cenário, a Tabocas tem construído entre 1,5 mil e 1,8 mil quilômetros anuais em linhas de transmissão de eletricidade nos últimos anos, além de em média 8 subestações.

O executivo estimou que a empresa tem participação de cerca de 16% no mercado de construção de linhas, se considerados todos projetos de transmissão licitados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) desde sua criação.

"É um market share bem significativo", disse Barra.

DIVERSIFICAÇÃO

Além da busca por um novo sócio, a Tabocas tem avaliado oportunidades como a possível expansão de seus negócios para o setor de óleo e gás, onde poderia construir gasodutos, por exemplo, afirmou o CEO.

Os planos, ainda em fase inicial de estudos, estão relacionados à expansão da exploração de petróleo e gás no Brasil e ao programa do governo federal para incentivar a oferta de gás natural, o chamado Novo Mercado de Gás.

"É (um setor) muito promissor. Acho que nós temos aí um negócio muito interessante pela frente, na nossa visão. Durante o ano (de 2020) nós temos que tomar essa decisão", disse Barra.

Ele explicou que as análises sobre a entrada na área de óleo e gás têm como base algumas das semelhanças entre a construção de linhas de transmissão e a infraestrutura de transporte de óleo e gás.

"É uma área que parece muito, a logística é mais ou menos parecida para fazer. São obras de grandes comprimentos, lineares, de logística muito parecida."

Outro movimento no radar da Tabocas é a possibilidade de investir na fabricação própria de torres para linhas de energia.

"Está faltando torre no mercado, temos poucos fornecedores no Brasil", afirmou o executivo.

"Estamos estudando profundamente, se agrega muito, o que agrega. E se tiver que entrar, em 2020 entraremos", apontou.

Focada desde o início na implementação de linhas de energia, a Tabocas possui um parque de mais de 700 veículos, equipamentos e máquinas próprias, que são deslocados para atender as obras dos clientes, segundo Barra.

A companhia tem atualmente cerca de 4,5 mil funcionários diretos.

(Por Luciano Costa)