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PRÉVIA-Leilão de projetos de transmissão deve atrair grandes elétricas e construtoras

18/12/2019 16h39

Por Luciano Costa

SÃO PAULO (Reuters) - Um leilão de concessões para novos projetos de transmissão de energia que será realizado na quinta-feira deve registrar fortes disputas entre investidores, como nas últimas licitações do setor, e atrair tanto grandes elétricas locais e internacionais quando empresas menores, de construção, segundo analistas.

O certame oferecerá contratos para a construção e futura operação de 12 lotes de empreendimentos, que deverão demandar um total de cerca de 4,18 bilhões de reais em investimentos nos próximos cinco anos.

Empresas como a francesa Engie, a portuguesa EDP, a chinesa State Grid e espanhola Iberdrola, por meio do braço local Neoenergia, são vistas como prováveis concorrentes, assim como as brasileiras Equatorial e Energisa e as transmissoras Cteep e Taesa, que têm a colombiana Isa como acionista.

A maior parte dos especialistas aposta que a licitação também terá participação em bom número de empresas que tradicionalmente atuam como construtoras e fornecedoras no setor de transmissão.

"Nesse leilão, além dos grandes 'players', entendo que outros pequenos investidores também estarão entrando em condições de competir. Talvez tenhamos uma quantidade até maior de investidores, apesar de o leilão ser menor", disse à Reuters o presidente da fabricante de cabos Alubar, Maurício Gouvea.

Ele acrescentou que essas empresas de menor porte devem focar lotes menos extensos ou que demandem investimento mais baixo, enquanto os projetos mais vultosos devem atrair as atenções das gigantes do setor e protagonizar acirrados confrontos.

"Enxergamos uma movimentação muito grande", acrescentou ele, que está em contato com empresas que avaliam o certame.

PULVERIZAÇÃO MAIOR

Esse cenário deve levar a um resultado final com menor concentração de empresas vencedoras, em perfil um pouco diferente do último pregão realizado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), em dezembro do ano passado, quando a Neoenergia, da Iberdrola, arrematou quatro lotes, 25% do total.

"Esse leilão acho que vai ser muito pulverizado. E muito disputado", projetou Caio Barra, presidente da construtora Tabocas, especializada em linhas de transmissão.

Por outro lado, algumas empresas que ainda não têm ativos no Brasil e têm sondado o setor de transmissão podem ficar mais receosas de entrar no páreo nessa licitação devido à recente instabilidade cambial, apontou o especialista em energia da Deloitte, Luis Carlos Tsutomu.

"Um aspecto que ouvimos que tem assustado os investidores globais é a questão cambial. O Brasil passou recentemente uma pequena turbulência... no caso de vir um investidor de fora para ter receita em reais, esse possível descasamento é uma preocupação."

Os analistas ainda apontaram uma expectativa geral de que a intensa concorrência pelos projetos vista nas licitações de transmissão dos últimos anos continuará, com ofertas por todos empreendimentos e deságios acentuados frente à receita teto definida para cada lote.

Detalhes específicos das regras, no entanto, como uma facilidade maior para execução de garantias em caso de atraso das obras e menores incentivos à antecipação de alguns projetos, podem eventualmente segurar os deságios em nível um pouco abaixo dos vistos em 2018.

"Arrisco dizer que talvez o deságio, se não houver 'loucuras', vai ser um pouco menor", brincou Tsutomu, da Deloitte.

O leilão do ano passado teve deságio médio de 46%, enquanto um dos lotes chegou a registrar desconto de 58,9%.

(Por Luciano Costa)