Ações da Vale têm máximas desde Brumadinho após declaração de juros sobre capital próprio
RIO DE JANEIRO/SÃO PAULO (Reuters) - As ações da mineradora Vale atingiram nesta sexta-feira uma máxima desde o rompimento de uma de suas barragens em Brumadinho, em 25 de janeiro, após o conselho de administração da empresa ter aprovado na véspera juros sobre capital próprio (JCP) no valor de 7,25 bilhões de reais, ou 1,414 real por ação.
Às 16:22, as ações da companhia operavam em alta de 1,3%, a 54,70 reais. Mais cedo na sessão, os papeis atingiram 54,99 reais por ação, máxima desde o desastre de Brumadinho, em Minas Gerais, que deixou mais de 255 mortos.
A empresa ressaltou, no entanto, que a aprovação dos juros sobre capital próprio, um tipo de distribuição de recursos aos acionistas, "não modifica a decisão do Conselho de Administração de suspender a política de remuneração ao acionista", de acordo com a ata, divulgada na quinta-feira.
A mineradora decidiu suspender pagamentos de dividendos e remuneração aos acionistas em 28 de janeiro, após o colapso da barragem. Bônus para executivos também foram suspensos.
Questionada pela Reuters nesta sexta-feira sobre o motivo da aprovação, apesar da suspensão de pagamentos, a empresa afirmou que "a declaração foi feita com base no dever fiduciário de aproveitamento fiscal, dado que o fato gerador deveria ocorrer ainda em 2019".
"O pagamento só poderá ocorrer após o restabelecimento da Política de Remuneração aos Acionistas", disse a empresa.
Apenas no caso de obter um resultado positivo no balanço financeiro de 2019, a companhia deverá pagar 25% do lucro líquido como dividendo obrigatório, conforme prevê seu estatuto, explicou a Vale, acrescentando que o resultado financeiro só será apurado em fevereiro.
A Vale pontuou também que ainda não há uma previsão para retornar a ter uma política de remuneração aos acionistas acima do mínimo obrigatório.
"Estamos focados na reparação das consequências do rompimento da barragem em Brumadinho", frisou a companhia.
As ações da Vale estão agora a pouco mais de 1 real da cotação de fechamento na véspera do desastre de Brumadinho, quando alcançaram 56,15 reais.
Os papéis da mineradora brasileira acumulam alta de cerca de 16% nos últimos 24 dias. No ano, as ações têm ganho acumulado de 7,5%.
(Por Christian Plumb e Marta Nogueira)
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