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China e EUA assinam acordo comercial inicial, mas dúvidas e tarifas persistem

16/01/2020 07h41

Por Ryan Woo e Jeff Mason

PEQUIM/WASHINGTON (Reuters) - A China vai aumentar as compras de produtos e serviços dos Estados Unidos em 200 bilhões de dólares ao longo de dois anos em troca da retirada de algumas tarifas, de acordo com o acordo comercial inicial assinado pelos dois países para aliviar os 18 meses de disputa que afetaram o crescimento global.

Os principais mercados acionários do mundo atingiram máximas recordes após a assinatura do acordo na quarta-feira em Washington, mas logo depois tomaram conta as preocupações de que ele pode não aliviar as tensões por muito tempo, com várias questões ainda não resolvidas.

Embora reconheça a necessidade de mais negociações com a China para resolver uma série de problemas, o presidente Donald Trump comemorou o acordo como uma vitória para a economia dos EUA e as políticas comerciais de seu governo.

"Juntos, estamos corrigindo os erros do passado e entregando um futuro de justiça e segurança econômicas para trabalhadores, agricultores e famílias norte-americanos", disse Trump na Casa Branca ao lado do vice-premiê chinês, Liu He, e outras autoridades.

Liu He leu uma carta do presidente Xi Jinping na qual o líder chinês disse que o acordo é um sinal de que os dois países podem resolver suas diferenças com diálogo.

"Embora os mercados pareçam ter visto esse acordo como um sinal para adotar risco, devemos todos estar cientes de que as manchetes sobre o comércio, particularmente o acordo EUA-China, serão algo constante em 2020", disse Hannah Anderson, estrategista global de mercados do J.P. Morgan Asset Management.

A peça central do acordo é uma promessa da China de comprar pelo menos mais 200 bilhões de dólares em produtos agrícolas e outros bens e serviços dos EUA ao longo de dois anos, sobre uma base de 186 bilhões de dólares de compras em 2017, disse a Casa Branca.

O compromisso inclui 54 bilhões de dólares em compras adicionais de energia, 78 bilhões adicionais em compras de produtos industriais, 32 bilhões a mais em produtos agrícolas e 38 bilhões de dólares em serviços, de acordo com documentos divulgados pela Casa Branca e pelo Ministério das Finanças da China.

Liu afirmou que as empresas chinesas comprarão 40 bilhões de dólares em produtos agrícolas dos EUA anualmente ao longo dos próximos dois anos "com base nas condições de mercado", que pode ditar o momento das compras em qualquer ano.

Mais tarde Liu disse que o acordo não afetará "os interesses de terceiro", aparentemente em referência a acordos feitos com outros fornecedores de produtos agrícolas.

As empresas chinesas importarão produtos agrícolas dos EUA de acordo com as necessidades dos consumidores, e a demanda e oferta no mercado, disse Liu a repórteres de acordo com a CCTV.

Trump, que adotou uma política "Estados Unidos Primeiro" visando reequilibrar o comércio global em favor de empresas e trabalhadores dos EUA, disse que a China prometeu ações para enfrentar o problema de produtos pirateados ou falsificados e que o acordo incluía forte proteção aos direitos de propriedade intelectual.

Mais cedo, o principal assessor econômico da Casa Branca, Larry Kudlow, disse à Fox News que o acordo adicionaria 0,5 ponto percentual ao crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA em 2020 e 2021.

A "Fase 1" do acordo, alcançada em dezembro, cancelou as tarifas planejadas dos EUA sobre celulares, brinquedos e laptops fabricados na China e reduziu pela metade, para 7,5%, a tarifa sobre cerca de 120 bilhões de dólares em outros produtos chineses, incluindo televisores, fones de ouvido bluetooth e calçados.

Mas manterá tarifas de 25% em uma gama de 250 bilhões de dólares em bens e componentes industriais chineses usados pelos fabricantes dos EUA.

Trump, que tem tratado a "Fase 1" do acordo como um pilar de sua campanha de reeleição em 2020, disse que concordaria em remover as tarifas remanescentes assim que os dois lados negociarem uma "Fase 2". Ele acrescentou que essas negociações começarão em breve.

Ele também disse que visitará a China em um futuro não muito distante.

(Reportagem deRyan Woo, Jeff Mason, Andrea Shalal e Dave Lawder; reportagem adicional de Echo Wang, Lisa Lambert, Susan Heavey Lisa Lambert e Doina Chiacu em Washington; Tim Aeppel em Nova York; Mark Weinraub em Chicago; Se Young Lee e Stella Qui em Pequim e Tim Hepher em Paris)