IPCA
0,83 Mar.2024
Topo

Ibovespa fecha acima de 119 mil pontos pela 1ª vez com desforra dos bancos

Ibovespa fecha acima de 119 mil pontos pela 1ª vez com desforra dos bancos - Amanda Perobelli/Reuters
Ibovespa fecha acima de 119 mil pontos pela 1ª vez com desforra dos bancos
Imagem: Amanda Perobelli/Reuters

Paula Arend Laier

Da agência Reuters, em São Paulo

23/01/2020 18h31

O Ibovespa ganhou fôlego à tarde e fechou acima dos 119 mil pontos pela primeira vez nesta quinta-feira, embalado pela forte valorização das ações do setor financeiro, com Banco do Brasil à frente, avançando mais de 5%.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 0,96%, a 119.527,63 pontos, nova máxima de fechamento. O volume financeiro somou 25,3 bilhões de reais.

"Hoje é o dia da vingança dos bancos... Ficaram baratos em termos relativos e absolutos. Atraíram demanda. Bancos são cíclicos locais e acabaram ficando muito para trás e com técnico saudável", afirmou no Twitter o estrategista Dan Kawa, sócio na Tag Investimentos.

O setor vem sendo pressionado por receios sobre mudanças regulatórias e aumento da competição. Mas nesta sessão foram à forra. Até a véspera, Itaú Unibanco, o maior banco privado do país, acumulava no ano queda de cerca de 9%, contra alta de mais de 2% do Ibovespa.

De acordo com o diretor de operações da Mirae Asset, Pablo Spyer, citando consulta a tesourarias de bancos, houve fluxo de compra por investidores estrangeiros, em busca de ações de primeira linha, em especial bancos.

O analista Régis Chinchila, da Terra Investimentos também chamou a atenção para a proximidade da safra de balanços no Brasil, que pode gerar mais interesse de compradores para o médio prazo. A Cielo abre a agenda das empresas do Ibovespa na próxima semana.

Para a equipe da XP Investimentos, a temporada deve mostrar bons resultados, apesar da recuperação econômica ainda gradual, dada a evolução positiva de indicadores que impactam diretamente as empresas, como quadro ainda confortável para a inflação e cenário de juros baixos com Selic em 4,5% no final do trimestre.

Nesse contexto, ajudaram comentários do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, ao Valor Econômico, de que a inflação mais alta de 2019 não influenciou a tendências de preços e que os núcleos dos índices têm permanecido relativamente estáveis.[L1N29S19A]

O fôlego na bolsa paulista também foi endossado pela melhora externa, após a Organização Mundial de Saúde (OMS) afirmar que o novo coronavírus que surgiu na China e se espalhou para vários outros países ainda não constitui uma emergência internacional, mas está acompanhando sua evolução "a cada minuto".

Em Wall Street, o S&P 500 teve alta de 0,11%.

Mais cedo, o Ibovespa chegou a cair 1,25% no pior momento, pressionado pela cautela com o novo vírus na China, em especial possíveis implicações da doença sobre a economia global.

DESTAQUES

- BANCO DO BRASIL subiu 5,6%, em dia de reação nas ações de bancos e após o Valor Econômico publicar que o BB deve escolher até junho um parceiro para a gestão de fundos da instituição, a BBDTVM. ITAÚ UNIBANCO PN avançou 2,37% e BRADESCO PN ganhou 2,64%.

- B3 ON apreciou-se 2,53%, diante de expectativas favoráveis para o mercado de capitais brasileiro no cenário de juros baixos e previsões de retomada da economia nacional, o que deve se refletir em aumento nos volumes negociados.

- PETROBRAS PN avançou 1,06%, enquanto PETROBRAS ON valorizou-se 0,68%, revertendo a fraqueza de mais cedo, quando pesou o declínio do petróleo no exterior e da oferta secundária de ações ordinárias da empresa que deve ser precificada em 5 de fevereiro.

- AMBEV ON caiu 2,1%, tendo de pano de fundo comentários do ministro da Fazenda, Paulo Guedes, em Davos, de que pediu à sua equipe estudos para a criação de um imposto sobre 'pecados', mencionando cigarros, bebidas alcoólicas e alimentos com adição de açúcar como potenciais alvos.

- VALE ON caiu 1,42%, contaminada pelo declínio dos preços do minério de ferro na China. Ações de mineração e siderurgia, contudo, mostraram comportamento divergente, contrabalançando o efeito externo e apostas de reajuste nos preços do aço no Brasil. USIMINAS PNA subiu 2,1%, enquanto CSN ON perdeu 1,2% e GERDAU PN ganhou 0,41%.

- BRASKEM PNA saltou 7,26%, na sexta alta seguida, ampliando a alta de janeiro para cerca de 30,7%, após terminar 2019 com declínio de 35%. A recuperação coincide com o acordo assinado entre a petroquímica e autoridades em Alagoas, que, entre outros pontos, garantiu a restituição de 2 bilhões de reais ao caixa da companhia. A Empíricus recomendou a compra das ações em relatório a clientes.

- GOL PN valorizou-se 5,03%. A fraqueza do dólar em relação ao real nesta sessão e o declínio dos preços do petróleo colaboraram com a alta. AZUL PN ganhou 2,7%.

- CIA HERING ON perdeu 2,2%, ainda pressionada por resultados decepcionantes de vendas no quarto trimestre. Também repercutiu o anúncio da Verde Asset de que vendeu ações da varejista, passando a deter o equivalente a 3,30% das ações da companhia.

- OI ON, que não está no Ibovespa, disparou 9,18% em meio a especulações relacionadas à venda de sua participação na angolana Unitel. De acordo com o colunista Lauro Jardim, de O Globo, a petrolífera Sonangol, também de Angola, pagará 1 bilhão de dólares pela fatia de 25% da Oi na Unitel. Procurada pela Reuters, a Oi disse que não comentaria a notícia.