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Eletrobras assinará carta de intenções em energia nuclear com Westinghouse, dos EUA

30/01/2020 15h55

SÃO PAULO (Reuters) - A subsidiária de energia nuclear da estatal Eletrobras assinará na segunda-feira uma carta de intenções junto à norte-americana Westinghouse, disse o Ministério de Minas e Energia nesta quinta-feira, sem detalhar os termos do acordo entre as empresas.

O anúncio vem em momento em que o governo brasileiro planeja a construção de novas centrais nucleares nas próximas décadas, ao mesmo tempo em que busca viabilizar a retomada das obras da usina atômica de Angra 3, no Estado do Rio de Janeiro, paralisadas no final de 2015.

A carta de intenções entre a empresa norte-americana e a Eletrobras Eletronuclear será selada durante um fórum que contará com presença do secretário de Energia dos Estados Unidos, Dan Brouillette.

"O evento é uma iniciativa para promover a segurança, o comércio e o investimento em energia entre os dois países", afirmou a pasta de Minas e Energia. A agenda incluirá "reuniões governamentais e com o setor privado".

Os brasileiros pretendem discutir com os EUA cooperação com foco nas áreas de petróleo e gás, energia nuclear e eletricidade/eficiência energética, acrescentou o ministério.

Em abril do ano passado, o ministro de Minas e Energia brasileiro, Bento Albuquerque, disse à Reuters que a Westinghouse manifestou interesse em avaliar possível participação na retomada de Angra 3.

Em outubro, o presidente da Eletrobras Eletronuclear, Leonam Guimarães, confirmou o interesse dos norte-americanos, mas disse à Reuters que a russa Rosatom, a francesa EDF e a chinesa CNCC eram as empresas com maior apetite pelo empreendimento.

NUCLEAR NO BRASIL

Iniciada ainda nos anos 1980, a implementação de Angra 3 foi paralisada naquela década e retomada no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2009. Mas o projeto foi suspenso novamente em 2015, após uma das empreiteiras contratadas para a obra admitir irregularidades em meio à Operação Lava Jato, que descobriu um enorme escândalo de corrupção no Brasil.

A atração de um novo investidor para a usina nuclear tem sido colocada pelo governo e pela Eletrobras como essencial para viabilizar a conclusão da central, que ainda deve demandar mais de 15 bilhões de reais.

Em meio às dificuldades para avançar com Angra 3 e por reflexos do desastre nuclear de Fukushima, no Japão, o Brasil deixou de discutir novos empreendimentos nucleares nos últimos anos, mas a gestão do presidente Jair Bolsonaro voltou ao tema.

O ministro Bento Albuquerque, que antes de assumir a pasta de Minas e Energia foi diretor-geral de Desenvolvimento Nuclear e Tecnológico da Marinha, tem prometido colocar a fonte de volta no planejamento de longo prazo do país.

O secretário de Planejamento e Desenvolvimento do ministério, Reive Barros, disse em setembro passado que um plano de longo prazo para o setor de energia, para até 2050, deverá sinalizar a possível construção de novas usinas da fonte que poderiam somar 6,6 gigawatts em capacidade.

(Por Luciano Costa)