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BCE amplia estímulo na luta contra coronavírus, mas evita corte de juros

Presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde - Por Balazs Koranyi e Francesco Canepa
Presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde Imagem: Por Balazs Koranyi e Francesco Canepa

12/03/2020 09h59

Por Balazs Koranyi e Francesco Canepa

FRANKFURT (Reuters) - O Banco Central Europeu (BCE) aprovou novas medidas de estímulo nesta quinta-feira para ajudar o bloco a lidar com o "grande choque" do coronavírus, mas manteve as taxas de juros inalteradas em uma medida que desapontou os mercados financeiros, e disse que os governos da zona do euro deverão liderar ações contra a pandemia.

A presidente do BCE, Christine Lagarde, disse em entrevista coletiva que o vírus terá um "impacto significativo na atividade econômica", mesmo que seja de natureza temporária e exigirá "uma resposta ambiciosa e coordenada da política fiscal".

Com milhões de pessoas em confinamento, mercados turbulentos e empresas em dificuldades diante da interrupção de cadeias de suprimentos, o BCE informou que oferecerá às empresas empréstimos superbaratos, elevará compra de ativos e proverá aos bancos alívio de capital para lidar com a situação.

O braço de supervisão bancária do BCE completou que derrubaria temporariamente os requisitos de capital para os credores que enfrentam os efeitos do vírus.

Questionada se uma recessão na zona do euro acenava, Lagarde afirmou que as consequências para a economia "dependerão claramente da velocidade e força" da resposta coletiva à epidemia, que os governos da zona do euro deverão liderar.

"Não acho que alguém deve esperar que qualquer banco central será o primeiro a entrar em ação. É fiscal em primeiro lugar", disse Lagarde.

O BCE disse que concederá empréstimos baratos para bancos, a uma taxa de juros tão baixa quanto -0,75%, e intensificará as compras de títulos em um total de 120 bilhões de euros até o final do ano.

Mas a taxa de depósito permanecerá inalterada em uma mínima recorde de -0,50%, sugerindo que as autoridades acreditam que ela já está próxima da chamada taxa de reversão, onde cortes adicionais são contraproducentes porque prejudicam as margens dos bancos a ponto de impedir empréstimos.

MOVIMENTO SINCRONIZADO

Em um movimento sincronizado sem precedentes, o braço de supervisão bancária do BCE disse que liberará os bancos da zona do euro de alguns requisitos essenciais de capital e caixa para manter o crédito fluindo para a economia.

Enquanto isso, o órgão de vigilância bancária da União Europeia (UE) disse que adiou o teste de estresse para credores deste ano até o próximo ano.

"Os bancos precisam estar em condições de continuar financiando famílias e empresas que enfrentam dificuldades temporárias", disse Andrea Enria, supervisor-chefe do BCE.

GASTAR, GASTAR, GASTAR

Muitos economistas esperam que a Alemanha, a potência econômica da Europa, entrará em recessão no primeiro semestre deste ano e alguns preveem resultados semelhantes para todo o bloco.

Embora o estímulo do BCE sugira inclinação para ajuda, o BC da zona do euro já usou suas armas mais poderosas ao longo de quase década de estímulo. As taxas de juros estão em mínimas recordes, devoraram 2,6 trilhões de euros em dívida principalmente soberana e, durante anos, ofereceram essencialmente dinheiro sem custo aos bancos para permitir que eles seguissem emprestando.

(Reportagem de Balazs Koranyi)

((Tradução Redação São Paulo, 55 11 56447745))