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IPCA-15 tem resultado mais baixo para março em 26 anos pressionado por passagens aéreas

25/03/2020 10h05

Por Camila Moreira

SÃO PAULO (Reuters) - Os preços das passagens aéreas recuaram com força e a prévia da inflação oficial brasileira desacelerou em março, chegando ao menor patamar para o mês desde 1994 em meio ao registro da chegada do coronavírus ao Brasil.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) teve variação positiva de 0,02% em março, depois de registrar alta de 0,22% em fevereiro, de acordo com dados informados nesta quarta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Essa é a leitura mais baixa para um mês de março desde o início do Plano Real, em 1994.

Nos 12 meses até março a alta acumulada do IPCA-15 chegou a 3,67%, contra 4,21% até fevereiro. O centro meta de inflação para este ano é de 4%, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos, medida pelo IPCA.

Os resultados ficaram abaixo das expectativas em pesquisa da Reuters, de altas de 0,06% no mês e de 3,71% em 12 meses, na mediana das projeções.

Os dados para o cálculo do IPCA-15 foram coletados entre 12 de fevereiro e 16 de março, período em que a pandemia do coronavírus já causava fortes restrições no exterior, incluindo de viagens, e o Brasil começava a registrar os primeiros casos.

Segundo o IBGE, quatro dos nove grupos pesquisados tiveram deflação em março, com destaque para Transportes. A queda de 0,80% do grupo deu a maior contribuição negativa para o IPCA-15 do mês (de -0,17 ponto percentual). A inflação nesse grupo havia sido de 0,20% em fevereiro.

Somente os preços das as passagens aéreas recuaram 16,88% em março, terceiro mês consecutivo de deflação.

Os combustíveis também recuaram 1,19%, após avanço de 0,49% em fevereiro, com quedas da gasolina (-1,18%), do etanol (-1,06%), do óleo diesel (-1,95%) e do gás veicular (-0,89%).

Já o grupo Habitação registrou queda de 0,28%, com os preços de Vestuário caindo 0,22% e os de Artigos de Residência recuando 0,05%.

Na outra ponta, Saúde e cuidados pessoais subiu 0,84% pressionado por itens de higiene pessoal, enquanto os custos de Alimentação e bebidas aumentaram 0,35%.

Diante das incertezas relacionadas ao coronavírus, o Banco Central reduziu na semana passada a taxa básica de juros a 3,75%, nova mínima histórica, e vem adotando várias medidas para injetar liquidez nos mercados num valor potencial de 1,2 trilhão de reais no sistema financeiro nacional..

O IBGE explicou que os preços de itens que compõem o IPCA-15 de março foram totalmente obtidos por coleta presencial, mas que devido ao coronavírus adaptações metodológicas estão sendo consideradas para que a próxima divulgação do índice seja baseada em coletas online e por telefone.

Veja detalhes na variação mensal (%):

Grupo Fevereiro Março

Índice Geral +0,22 +0,02

Alimentação e Bebidas -0,10 +0,35

Habitação +0,07 -0,28

Artigos de Residência +0,17 -0,05

Vestuário -0,83 -0,22

Transportes +0,20 -0,80

Saúde e Cuidados Pessoais -0,29 +0,84

Despesas Pessoais +0,31 +0,03

Educação +3,61 +0,61

Comunicação +0,02 +0,33

(Edição de José de Castro)