Vale vê impacto em produção se falhar em aumento de capacidade de Brucutu
SÃO PAULO (Reuters) - A Vale informou que poderá haver impacto no volume de produção de finos de minério de ferro em 2020, caso não tenha sucesso em tentativa de elevar a capacidade de produção em sua mina de Brucutu ou se não obtiver até o final do segundo trimestre uma reavaliação do nível de emergência da barragem Norte/Laranjeiras.
Em fato relevante nesta quarta-feira, a Vale disse que equipes geotécnicas e operacionais estão testando alternativas de curto prazo para disposição de rejeitos em Brucutu que buscam viabilizar o aumento de produção da unidade, que tem operado com 40% da capacidade. Em caso de sucesso, poderia operar com 80%.
A mina de Brucutu enviava rejeitos para a barragem Norte/Laranjeiras, que se encontra em nível 1 de emergência desde 2 de dezembro, segundo a mineradora.
Em fevereiro, a Vale já havia reduzido as estimativas de produção de minério de ferro no primeiro trimestre para entre 63 milhões e 68 milhões de toneladas, devido principalmente a questões operacionais na mina de Brucutu, sua maior produtora em Minas Gerais, com capacidade anual de 30 milhões de toneladas.
Para o ano completo de 2020, a previsão atual da Vale para a produção de finos de minério de ferro é de entre 340 milhões e 355 milhões de toneladas.
INSPEÇÕES
O alerta da mineradora sobre produção foi feito enquanto ela lida também com dificuldades relacionadas ao coronavírus.
Na véspera, a Vale afirmou que corre risco de enfrentar uma postergação da retomada de capacidade de produção devido a possíveis atrasos em inspeções, avaliações e autorizações decorrentes de impactos da atual pandemia.
A empresa foi levada a paralisar diversas atividades depois do rompimento de uma de suas barragens de rejeitos em Brumadinho (MG), em janeiro de 2019, e depende da conclusão de revisões de segurança e de aprovações de autoridades para retomá-las.
Ainda no comunicado desta quarta-feira, a Vale disse que continua aperfeiçoando seu Sistema de Gestão de Barragens (TMS), com ajuda de especialistas internacionais.
Em janeiro deste ano foi implementada a função de Engenheiro de Registro (EoR) como etapa adicional de avaliação de suas estruturas no Brasil, afirmou a empresa.
O EoR tem entre suas atribuições a realização da inspeção de segurança regular, bem como a emissão de relatórios técnicos mensais, interpretando continuamente os resultados das atividades de inspeção e monitoramento das estruturas.
A Vale disse que, após análise do EoR, foram emitidas 78 declarações de estabilidade (DCEs) positivas das estruturas de suas unidades operacionais de Minerais Ferrosos e Metais Básicos no Brasil, em atendimento a portaria da Agência Nacional de Mineração (ANM).
Nove barragens, contudo, permanecem com DCEs negativas, nos níveis 2 e 3 do Plano de Ação de Emergência para Barragens de Mineração (PAEBM).
INTERNACIONAL
Do lado das operações no exterior, a Vale paralisou temporariamente, desde 24 de março, seu centro de distribuição na Malásia, por entender não ser possível garantir os recursos mínimos para operar com segurança o terminal, devido as medidas em curso naquele país contra o coronavírus.
A paralisação, que foi programada para até pelo menos 31 de março, segue em curso, uma vez que a Malásia postergou suas medidas de segurança contra o vírus até pelo menos 14 de abril, segundo explicou a Vale.
Inicialmente, devido à paralisação, a empresa previu um impacto nas vendas de aproximadamente 500 mil toneladas de minério de ferro no primeiro trimestre de 2020. A companhia não informou se poderá haver um impacto ainda maior caso a paralisação dure muito mais tempo.
Antes, a mineradora já havia informado outros reflexos do vírus em seus negócios, como a desaceleração da operação da mina de Voisey's Bay, no Canadá, como precaução para proteger comunidades indígenas próximas diante da pandemia.
(Por Luciano Costa e Roberto Samora; reportagem adicional de Marta Nogueira no Rio de Janeiro)
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