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Líder do PCC, "Fuminho" é preso em Moçambique e indica expansão do grupo pelo mundo

14/04/2020 20h35

Por Gabriel Stargardter e Manuel Mucari

RIO DE JANEIRO/MAPUTO (Reuters) - Um dos principais traficantes brasileiros de cocaína foi preso em Moçambique, conforme anunciaram autoridades brasileiras e do país africano, ressaltando a crescente presença global do Primeiro Comando da Capital (PCC), a mais poderosa organização criminosa do Brasil. 

Gilberto Aparecido dos Santos, conhecido pelo apelido Fuminho, estava foragido havia mais de 20 anos até sua captura em Maputo na segunda-feira, e era um dos fugitivos "mais procurados" do Brasil, afirmou a Polícia Federal em nota. 

"O prisioneiro era considerado o maior fornecedor de cocaína para um grupo que operava em todo o Brasil e também era responsável por enviar toneladas da droga para diversos países", diz o comunicado. 

Formado originalmente como uma gangue de presídios em São Paulo, o PCC se espalhou pelo país e movimenta cada vez mais cocaína para o exterior, especialmente para a Europa e para a África. 

Em março, a Reuters publicou que o Brasil se tornou um dos principais fornecedores de cocaína para a Europa, transformando o papel do país no tráfico internacional de drogas. 

Leonardo Simbine, um porta-voz do Serviço de Investigação Criminal de Moçambique, disse à Reuters que a polícia local havia recebido uma informação da Interpol de que Santos havia entrado no país em meados de março. 

"Fizemos nossas investigações e o encontramos em um hotel de luxo em Maputo. Nós o prendemos com dois cúmplices, dois cidadãos nigerianos", disse Simbine. 

A caminho da prisão de segurança máxima na qual está detido, Santos se recusou a responder perguntas de jornalistas. "Fale com meu advogado", disse. 

O Brasil tem 40 dias para submeter um pedido de extradição, disse Simbine, acrescentando que Santos está detido sob acusações de posse de drogas e uso de passaporte falso. 

Em nota, a Polícia Federal afirmou que a operação também envolveu a Administração de Execução de Drogas dos Estados Unidos (DEA), o Departamento de Justiça norte-americano e a polícia moçambicana. 

A PF também acusou Santos de supostamente financiar um plano de resgate para o chefe do PCC Marcos Willians Camacho, o Marcola, que está em uma prisão federal em Brasília. O suposto plano levou as autoridades brasileiras a aumentarem a segurança na prisão em fevereiro, segundo a nota. 

Santos é considerado o braço direito de Camacho.