Ibovespa desaba 5,45% após Moro deixar governo Bolsonaro
Por Peter Frontini
SÃO PAULO (Reuters) - O principal índice da bolsa paulista encerrou esta sexta-feira em forte queda, após o ministro Sergio Moro pedir demissão em discurso duro, gerando incertezas sobre o futuro do país já mergulhado na crise do coronavírus.
Após ter flertado com um mais um circuit breaker ao beirar 10% de queda, o Ibovespa de recuperou parcialmente, não o bastante para evitar uma derrocada de 5,45%, a 75.330,61 pontos. O volume financeiro somou 37,7 bilhões de reais.
Com o desempenho desta sexta-feira, o índice volta a ter uma semana negativa, após registrar alta nas duas anteriores.
No pronunciamento em que anunciou sua demissão, Moro contou que Bolsonaro lhe disse querer um diretor da Polícia Federal com o qual pudesse ter um contato pessoal, "que pudesse ligar, colher informações, relatórios de inteligência".
"A saída do Sérgio Moro coloca em xeque a continuidade do trabalho de outros ministérios, como o da Economia, e corrobora as dificuldades que o país pode enfrentar na retomada", afirmou Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos.
Em transmissão pela internet à tarde, Bolsonaro rebateu as acusações de Moro sobre tentativa de interferência política na PF, mesmo após ter demitido o diretor-geral, Maurício Valeixo, sem o aval do ministro, a quem era subordinado.
Para Jefferson Laatus, estrategista-Chefe do Grupo Laatus, "a perda de credibilidade do governo Bolsonaro é gigantesca", acrescentando que agora o mercado também se preocupa com uma possível demissão do ministro da Economia, Paulo Guedes.
O desempenho desta sessão só não foi pior devido à influência positiva das bolsas internacionais. Em Wall Treet, o índice S&P 500 subiu 1,39%.
Guedes, visto com bons olhos pelo mercado, cancelou seus compromissos desta sexta-feira, diante das tensões políticas envolvendo o governo.
Fontes da equipe econômica informaram à Reuters que a saída de Moro dificulta o caminho da agenda econômica de Guedes, que já passava por um momento delicado por conta das pressões por gastos com o coronavírus.
"Você enfraquece uma linha argumentativa que era a linha da resistência às velhas fórmulas políticas. Precisa ver se a resistência vai continuar ou se é a aproximação com os líderes do centrão", disse uma das fontes.
"O mercado acho que em parte precifica isso, me parece que a reação do mercado traz a avaliação de que você pode estar perdendo os alicerces que mantinham a condução da política econômica", disse Flávio Seerano, economista-chefe do Haitong.
DESTAQUES
- EMBRAER ON desabou 10,7%. O acordo de venda do controle da divisão de aviação comercial da empresa para a Boeing atingiu um obstáculo, criando incertezas sobre o negócio a menos que um avanço seja obtido rapidamente, afirmaram fontes com conhecimento das discussões.
- BANCO DO BRASIL ON despencou 13,4%, em sessão também bastante negativa para o setor bancário. BRADESCO PN caiu 7,8% e ITAÚ UNIBANCO PN perdeu 5,3%.
- MARFRIG ON recuou 0,19%, após ter chegado a subir no começo da sessão. BRF ON caiu 4,92%, após informar que chegou a um acordo para encerrar uma "class action" na Justiça de Nova York. Enquanto isso, JBS ON perdeu 1,2%, após notícia de que funcionários da unidade de aves em Passo Fundo (RS) contraíram Covid-19.
- SUZANO ON avançou 7% e KLABIN subiu 1,7%, na esteira da escalada do dólar, o que beneficia suas receitas com exportações.
- VIA VAREJO desavalorizou-se 13%, anulando a alta acumulada nas duas sessões anteriores. A empresa disse que espera reabrir maioria de lojas ao longo de maio.
- PETROBRAS PN e PETROBRAS ON caíram 5,9% e 7,3%, respectivamente.
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