Petrobras revê corte de produção de abril ao ver melhor demanda externa
Por Marta Nogueira e Gram Slattery
RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Petrobras reviu o corte de produção previsto para abril após verificar uma demanda melhor do que a esperada por seus produtos, especialmente aqueles exportados, informou a petroleira nesta segunda-feira, apesar do cenário mundial de contração de consumo devido ao novo coronavírus.
A companhia havia anunciado no último dia 7 um corte de produção de petróleo de cerca de 200 mil barris por dia (bpd), fixando um patamar de bombeamento de 2,07 milhões de bpd para abril, ante média de 2,394 milhões de bpd registrada no último trimestre de 2019.
Mas, em relatório de produção nesta segunda-feira, apontou média produtiva em abril de cerca de 2,26 milhões de barris por dia, 20 dias depois de anunciar cortes para se adequar a um momento de menor demanda pelo coronavírus.
"Com a evolução da demanda por nossos produtos se mostrando melhor do que o esperado, optamos pelo retorno gradual para um patamar de produção média de óleo de 2,26 milhões de bpd em abril acompanhado de aumento do fator de utilização da capacidade do refino", disse a empresa, em seu boletim trimestral de produção.
A empresa informou que havia programado anteriormente reduzir o fator de utilização das refinarias de 79% para 60%. Mas não informou o novo fator de utilização para suas refinarias.
Em boletim na noite de segunda-feira, o Ministério de Minas e Energia informou que o fator de utilização das refinarias, que ficou abaixo de 55% ao longo da maior parte da primeira quinzena do mês, havia subido para mais de 60% no domingo.
A companhia lembrou ainda que hibernou 62 plataformas em campos de águas rasas que estão em processo de desinvestimento. E informou que as ações têm "permitido a manutenção de folga razoável na capacidade de estocagem, evitando consequentemente a adoção de medidas custosas como o afretamento de navios para armazenar líquidos".
A revisão na produção de abril, no entanto, ocorre enquanto a petroleira tem se beneficiado de vendas de combustível naval ("bunker") e óleo combustível, após novas regras do mercado internacional exigirem menores percentuais de enxofre, o que pode ser obtido com menor custo pela empresa com o petróleo do pré-sal.
A produção de óleo combustível, principalmente das correntes de bunker e óleo combustível de baixo teor de enxofre, atingiu a média de 295 mil bpd no primeiro trimestre, alta de 18,5% em relação à produção do quarto trimestre.
Em fevereiro, a empresa bateu o recorde de exportação de óleos combustíveis, alcançando a marca de 238 mil bpd, majoritariamente destinados ao mercado asiático.
"Embora haja queda na demanda global, o diferencial competitivo dos nossos produtos, a retomada gradual da China, forte parceiro comercial, e a constante busca por novos mercados para nossos produtos, trazem a expectativa de que continuaremos tendo uma boa performance em nossas exportações", afirmou.
A petroleira destacou ainda que, a partir de abril, com a queda da demanda no mercado interno, a empresa tem direcionado esforços para exportação de petróleo e derivados. Para isso, a empresa está trabalhando em ações logísticas que possibilitem a expansão da capacidade de exportação.
A empresa reiterou ainda que, como resultado das ações de prevenção ao coronavírus nas plataformas, optou por rever o cronograma de paradas para manutenção previstas para o segundo trimestre, postergando-as para o segundo semestre.
A estatal ainda comentou que, apesar dessas postergações decorrentes do Covid-19, manteve a previsão de impacto negativo dessas paradas em 200 mil barris por dia na produção do ano.
Em meio a uma reviravolta das previsões para abril, a companhia não trouxe uma nova meta de produção para o ano.
Em resposta à Reuters, a empresa apontou que "o cenário ainda é de incerteza para que a Petrobras possa se manifestar sobre este assunto".
Além disso, a empresa também manteve a expectativa de iniciar a produção da plataforma P-70, no campo de Atapu, no pré-sal da Bacia de Santos, no primeiro semestre.
PRIMEIRO TRIMESTRE
A produção total de petróleo, LGN e gás natural da Petrobras somou 2,909 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boed) no primeiro trimestre, alta de 14,6% ante o mesmo período do ano passado, com impacto da entrada em operação de sete novas plataformas entre 2018 e 2019, nos importantes campos de Búzios, Lula e Berbigão/Sururu (P-68).
Na comparação com os últimos três meses de 2019, a produção total da petroleira caiu 3,8%, principalmente devido a venda de ativos.
A produção de petróleo e LGN da companhia, no Brasil, por sua vez, atingiu 2,32 milhões de barris por dia (bpd), alta de 17,7% ante o mesmo período do ano passado e queda de 3,1% em relação ao quarto trimestre de 2019.
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