Petrobras eleva gasolina em 12% e reduz defasagem ante produto importado
Por Marta Nogueira
RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Petrobras elevará o preço médio da gasolina cobrado das distribuidoras nas refinarias em 12% a partir de quinta-feira, na primeira alta do combustível fóssil desde 20 de fevereiro, reduzindo uma defasagem na comparação com o produto importado após ganhos no mercado de petróleo, informou companhia nesta quarta-feira.
Ainda assim, a gasolina da petroleira estatal --responsável por quase 100% da capacidade de refino do país-- acumula queda de 46,5% neste ano, impactada por uma diminuição dos preços do petróleo e de seus derivados diante da propagação do novo coronavírus, que reduziu a demanda global.
O reajuste da Petrobras, no entanto, ocorre após uma recuperação recente dos preços do barril do petróleo, à medida que alguns países da Europa e da Ásia, assim como diversos Estados norte-americanos, começaram a flexibilizar medidas de isolamento tomadas em função da pandemia.
"O ajuste vem em linha com o que aconteceu no mercado internacional nas últimas semanas. Precisava mesmo, a gente estava com defasagem com relação à importação já faz mais de semana...", disse o chefe da área de óleo e gás da consultoria INTL FCStone, Thadeu Silva.
"Eu acredito que a Petrobras esperou para ver se o preço não devolvia, a volatilidade está muito grande no mercado internacional."
O barril de petróleo Brent --referência internacional-- fechou na véspera com alta de 13,9%, acumulando ganhos pelo sexto dia consecutivo, enquanto o petróleo nos EUA (WTI) subiu 20,5% na terça-feira, tendo também cinco dias seguidos de alta.
A Petrobras manteve o preço do diesel, o combustível mais consumido no país. No caso desse produto, a queda acumulada nas refinarias no ano é de 44%.
COMPETITIVIDADE DA GASOLINA
O avanço do preço da gasolina ocorre após o setor sucroenergético ter pedido ao governo federal um aumento da Cide no combustível fóssil, como forma de ajuda ao segmento em meio aos impactos do coronavírus na economia do país e no preço do combustível.
A demanda desse setor, no entanto, encontra forte resistência de outros segmentos do mercado, como da própria Petrobras, dos revendedores e dos importadores de combustíveis.
Notícias veiculadas recentemente apontaram que o Ministério da Economia deveria elevar a Cide da gasolina de 10 para 30 centavos por litro e impor um imposto de importação de 15% sobre o combustível fóssil. O governo não comentou.
O presidente da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), Sérgio Araújo, afirmou à Reuters que o aumento anunciado nesta quarta-feira pela Petrobras sinaliza que a estatal está buscando acompanhar os preços do mercado internacional.
No entanto, ponderou que "devido à alta volatilidade do câmbio e das commodities, os preços ainda se encontram com importantes defasagens".
"O alinhamento dos preços à paridade internacional pode devolver a competitividade para o etanol e eliminar definitivamente a necessidade de imposto de importação, como sugerido", destacou.
Para o Credit Suisse, a alta do preço da Petrobras é um sinal positivo, mas a gasolina e o diesel da empresa ainda estão 6% e 9% abaixo da paridade de importação.
A política de preços da Petrobras busca seguir valores de paridade de importação, que leva em conta preços no mercado internacional mais os custos de importadores, como transporte e taxas portuárias, com impacto também do câmbio. No entanto, a empresa tem evitado repassar volatilidade ao mercado interno.
O repasse de ajustes em valores da gasolina cobrados nas refinarias aos consumidores finais, nos postos, não é imediato e depende de uma série de questões, como margem da distribuição e revenda, impostos e adição obrigatória de etanol anidro.
A queda acumulada da gasolina nas bombas somou 13,8% neste ano, segundo dados da reguladora ANP.
(Por Marta Nogueira)
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