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Quarentenas derrubam demanda global por gás e forçam cortes na produção de GNL

07/05/2020 15h33

Por Jessica Jaganathan e Scott DiSavino e Sonali Paul

CINGAPURA/NOVA YORK/MELBOURNE (Reuters) - Medidas de isolamento adotadas para desacelerar a pandemia de coronavírus estão derrubando a demanda por gás nos maiores compradores globais de Gás Natural Liquefeito (GNL), o que levou os preços spot na Ásia a mínimas recorde e forçou alguns fornecedores a começar a cortar produção.

Economias ao redor do mundo foram paralisadas por medidas para contenção do vírus, cortando a demanda por gás tanto para geração de energia quanto para aquecimento, cozinha, carros e produção de químicos. Todos maiores mercados mundiais de GNL-- Japão, China, Coreia do Sul e Índia-- estão vendo uma queda na demanda.

Os preços spot do GNL na Ásia caíram para 1,85 dólar por milhão de btu na semana passada, menor valor já registrado, devido à grande oferta que inundou o mercado.

"Com os preços na casa dos 2 dólares por milhão de btu... alguns produtores estão ficando perto de não recuperar os custos de suas operações. Nós provavelmente veremos alguns produtores começando a 'fechar' (produção)", disse Alex Dewar, gerente sênior do centro de energia do Boston Consulting Group (BCG).

Mesmo mercados onde as medidas mais severas de isolamento começam a ser aliviadas, como na China e Coreia do Sul, ainda sentem impactos do confinamento adotado em outros lugares, que prejudica exportações de produtos industriais e atrapalha a recuperação.

Os preços do petróleo, que tocaram mínima de duas décadas em abril e têm queda acumulada de mais de 50% desde o final de 2019, exacerbaram o problema no setor de GNL.

A Ásia, que fica com 70% das exportações globais de GNL, ainda tem a maior parte de seus contratos de longo prazo associados ao preço do petróleo, e geralmente leva de três a seis meses para que uma queda nos preços do petróleo seja sentida por compradores e vendedores.

A consultoria Rystad Energia ainda espera que a demanda global por GNL cresça cerca de 2% neste ano, para 359 milhões de toneladas-- bem abaixo do crescimento de 13% em 2019--, embora a projeção possa mudar dependendo do clima e de quanto irão durar as medidas de isolamento contra o coronavírus.