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Dólar vai abaixo de R$5 e caminha para 3ª semana de perdas com exterior otimista

05/06/2020 09h10

Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar era negociado abaixo dos 5 reais pela primeira vez em mais de dois meses nesta sexta-feira, caminhando para fechar a terceira semana consecutiva de perdas em meio a exterior otimista, com os investidores reagindo positivamente a dados melhores do que o esperado sobre o emprego nos Estados Unidos.

Às 11:26, o dólar recuava 2,87%, a 4,9840 reais na venda. Na mínima do dia, a divisa norte-americana foi a 4,9660 reais, menor patamar desde meados de março, com queda de 3,22%.

O dólar futuro de maior liquidez caía 2,4%, a 5,0025 reais.

A sexta-feira marcava o fim de uma semana positiva para ativos arriscados, que têm sido impulsionados pelo otimismo em relação a uma retomada da atividade nas principais economias devido aos relaxamentos graduais das restrições contra o coronavírus. Até agora, o dólar acumula queda de quase 7% contra o real desde o fechamento da última sexta-feira.

"Tivemos uma guinada nas últimas semanas, porque estávamos num cenário em que o governo estava com problemas, houve saída de ministros, confusão política... Agora, o governo começou a ficar mais próximo do centrão", comentou Denilson Alencastro, economista-chefe da Geral Asset, sobre a recuperação recente do real.

Já no cenário internacional, "hoje saíram dados bons sobre o emprego norte-americano, o que deu uma acalmada no ambiente como um todo, e as economias seguem reabrindo", acrescentou Alencastro. "Enquanto isso, o dólar vem perdendo valor ante outras moedas lá fora, em meio a fluxo maior de criação de recursos."

Algumas das principais moedas arriscadas -- como peso mexicano, rand sul-africano e dólar australiano -- operavam em alta contra o dólar neste pregão.

Nesta sexta-feira, o centro das atenções estava no relatório de emprego do governo norte-americano, que mostrou que a taxa de desemprego na maior economia do mundo teve uma queda inesperada em maio, passando de 14,7% em abril para 13,3%, contrariando as expectativas de alta para 19,8% em pesquisa da Reuters.

Participantes do mercado disseram que a leitura foi muito melhor do que a esperada, sinal de que o pior da crise econômica do coronavírus pode já ter passado.

Ao mesmo tempo, impulsionando as perspectivas de recuperação, estímulos fiscais e monetários nas principais economias continuavam no radar dos investidores.

"Investidores acompanham a divulgação de indicadores macroeconômicos, mas mantêm o foco na reabertura das atividades econômicas em vários países. Além disso, o anúncio da ampliação do programa de estímulos monetários feito pelo BCE ontem ainda traz impulso adicional aos negócios", escreveram analistas do Bradesco.

Apesar de já ter perdido força desde que tocou máximas recordes próximas de seis reais em meados de maio, o dólar ainda acumula alta de quase 25% contra o real no ano de 2020, prejudicado por um cenário de incertezas políticas, juros baixos e fortes impactos econômicos causados pela pandemia de coronavírus.

Para os mercados, ainda é difícil dizer se o real deve manter a recuperação das últimas semanas, uma vez que riscos negativos -- como a possibilidade de uma segunda onda de infecções por Covid-19 e incertezas políticas -- permanecem no horizonte.

No Brasil, os desdobramentos políticos continuam sendo motivo de cautela, com expectativa de possíveis agitações sociais para o fim de semana.

O presidente Jair Bolsonaro voltou a chamar os manifestantes de grupos pró-democracia contrários ao seu governo de "marginais" e "terroristas" nesta sexta-feira, e pediu que as forças de segurança do país atuem contra as manifestações marcadas para domingo se os grupos "extrapolarem" os limites.

Na última sessão, a moeda norte-americana spot teve alta de 0,89%, a 5,1315 reais na venda.

O Banco Central ofertará nesta sexta-feira até 12 mil contratos de swap cambial tradicional para rolagem, com os vencimentos divididos entre setembro de 2020 e fevereiro de 2021.