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Combate à epidemia é responsabilidade de governadores, diz Bolsonaro

08/06/2020 11h11

Por Lisandra Paraguassu

BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro se isentou nesta segunda-feira de responsabilidade pelo combate ao novo coronavírus no Brasil e disse que cabe a governadores e prefeitos enfrentar a epidemia, acrescentando que o "grande problema" enfrentado pelo país no momento são as manifestações contra o governo.

"Nessa questão de desemprego e mortes, governadores. O STF (Supremo Tribunal Federal) deu todo poder para eles para gerir esse problema. Eu apenas coloco bilhões (de reais) nas mãos deles. E alguns ainda desviam", disse Bolsonaro a apoiadores na porta do Palácio da Alvorada.

Em sua conta no Twitter, mais cedo, Bolsonaro já havia colocado a responsabilidade sobre os governantes estaduais e municipais. "Lembro à nação que, por decisão do STF, as ações de combate à pandemia (fechamento do comércio e quarentena, p.ex.) ficaram sob total responsabilidade dos governadores e dos prefeitos."

Na verdade, decisão do STF deu a governadores e prefeitos apenas o poder de decidir sobre medidas para tentar conter a disseminação da epidemia, como a decretação de lockdowns ou fechamento de empresas e comércio.

O STF não eximiu o governo federal de agir no combate à doença. A coordenação e planejamento de ações de combate à epidemias é um dos mandatos do Ministério da Saúde, assim como a coordenação e distribuição de equipamentos, repasse de recursos, habilitação de leitos de UTI, entre outras.

Bolsonaro tem sido responsabilizado pelos números crescentes da epidemia no Brasil, que, de acordo com o painel do Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass), chegou ontem a 680.456 casos confirmados e 36.151 óbitos.

Desde o início, Bolsonaro foi contrário a medidas de isolamento e acusa governadores de agiram contra o país e serem responsáveis pelo crescente desemprego. Em sua conta no Twitter, o presidente diz que o governo alocou centenas de bilhões de reais não só para combater o vírus, bem como para evitar o desemprego, e que cada mês de pagamento do auxílio emergencial custa ao governo 40 bilhões de reais.

Bolsonaro reclama ainda que há grupos tentando desestabilizar o governo.

"Ao lado disso forças nada ocultas, apoiadas por parte da mídia, açoitam o presidente da República das mais variadas formas para deslegitimá-lo ou atrapalhar a governança", escreveu.

A seus apoiadores, o presidente disse que o "grande problema" do Brasil no momento são as manifestações contra o governo.

"O grande problema agora é o que vocês estão vendo aí agora, viram ontem um pouco na rua. Estão começando a por as mangas de fora. É muito interesse que tem no Brasil, de dentro e de fora. Pode ter certeza que não vou desistir", disse. "A gente vai vencer essa luta aí. O Brasil não vai para a esquerda, não vai afundar, não vai virar uma Venezuela."

Antes mesmo das manifestações de domingo, Bolsonaro atacou grupos que planejavam protestos contra o governo como "marginais, "terroristas" e até "maconheiros" para tentar desqualificar os grupos. Nesse final de semana, os protestos aconteceram de modo geral de forma pacífica e sem confusões em todo país, com exceção de um pequeno grupo que, segundo a polícia de São Paulo, se separou no final do ato e tentou chegar à Avenida Paulista, onde ocorria um pequeno ato a favor do governo.

Bolsonaro disse ainda a seus apoiadores que não tem como resolver todos os problemas de uma vez só, mas lembrou que indicará um ministro ao STF --que é alvo constante de ataques dos bolsonaristas-- em novembro deste ano.

"Eu vou indicar primeiro ministro do STF agora em novembro. A gente vai arrumando as coisas devagar aqui", afirmou.