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Incerteza sobre duração e intensidade de crise do vírus impõe risco a crescimento do Brasil em 2021, diz Fitch

09/06/2020 17h10

Por José de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - A agência de classificação de risco Fitch Ratings alertou nesta terça-feira que a intensidade e duração incertas da crise do coronavírus no Brasil impõem riscos à projeção da agência de crescimento da economia e redução do déficit fiscal em 2021.

A Fitch estima que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil aumentará 3,2% no ano que vem, depois de contração de 6% em 2020, declínio pior que o de 4% previsto antes. O tombo na atividade decorrerá em grande parte da crise do Covid-19 no país, que fez Estados adotarem medidas de isolamento social, avaliou.

"O grande estímulo mitigará o impacto econômico, mas a recuperação pode ser prejudicada por uma trajetória fiscal incerta, aumento da dívida pública e confrontos periódicos entre o Executivo e o Legislativo, nublando as perspectivas de reformas para conter gastos e melhorar as taxas de crescimento", acrescentou a agência.

"Protestos periódicos nas ruas e tensão entre o governo e o Judiciário também afetaram negativamente o ambiente político", completou.

Nas contas da agência, o déficit público cairia a 6,5% do PIB em 2021, ante 14% em 2020. A dívida, contudo, aumentaria de 92,3% do PIB em 2020 para 93,5% no próximo ano, ante média de 56,3% de países classificados como "BB".

"O Brasil tinha um equilíbrio fiscal relativamente fraco e baixo crescimento pré-pandemia", disse a Fitch em nota, acrescentando que esses riscos fiscais, de crescimento e políticos estão refletidos na perspectiva negativa para o rating.

"O comprometimento com o teto de gastos tem sido uma âncora fiscal essencial, e sua eficácia na redução do crescimento de gastos em 2021 será importante para nossa avaliação de crédito soberano", disse a Fitch.

A agência também citou como elemento para avaliação do rating a capacidade política de abordar questões estruturais de finanças públicas --como redução de aumentos obrigatórios de gastos-- e promover reformas mais amplas, como a tributária, além de privatizações e a formalização da independência do Banco Central.