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Estoque de crédito no Brasil sobe 0,3% em maio por apetite de empresas, aponta BC

26/06/2020 09h40

Por Marcela Ayres

BRASÍLIA (Reuters) - O estoque total de crédito no Brasil subiu 0,3% em maio sobre abril, a 3,596 trilhões de reais, num movimento inteiramente puxado pelos financiamentos a empresas, divulgou o Banco Central nesta sexta-feira.

Enquanto o estoque de financiamentos às pessoas jurídicas cresceu 0,7% no período, ele ficou estável para famílias.

Nos cinco primeiros meses do ano, a alta do crédito geral no país foi de 3,4% e em 12 meses, de 9,3%.

Na véspera, o BC melhorou sua projeção para o crescimento do crédito a 7,6% este ano, ante 4,8% de cálculo feito em março, aumento puxado pelos financiamentos às empresas em função da necessidade de caixa diante da queda nas vendas em meio à pandemia de coronavírus.

Agora, a expectativa é que o crédito às famílias suba 5,8% em 2020, contra expectativa anterior de 7,8%. Para as empresas, a alta foi calculada em 10%, ante 0,6% anteriormente.

O BC reconheceu que a expansão do crédito às pessoas jurídicas também vem na esteira dos financiamentos fechados por grandes empresas, que antes da crise estavam optando por captações no exterior e no mercado de capitais doméstico.

CONCESSÕES

O mês de maio também foi marcado por aumento nas concessões em algumas modalidades para pessoas físicas, após um desempenho historicamente negativo em abril, sinalizando que o fundo do poço pode ter ficado para trás.

Foi o que aconteceu no crédito para compra de veículos, com elevação de 44,1% ante o mês anterior. No cartão de crédito à vista, a alta foi de 10,5%.

"Em vários aspectos para pessoas físicas, como é o caso da aquisição de veículos e como é o caso do cartão de crédito à vista, vimos em maio uma recuperação em relação a abril. Abril foi o menor valor da série, maio teve uma recuperação, a gente espera que isso continue", afirmou o chefe do Departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha.

Ele ressalvou, contudo, que o desempenho dessas modalidades ainda não colocou as concessões em patamares mensais vistos no pré-crise.

Na véspera, o BC projetou uma queda para o Produto Interno Bruto (PIB) de 6,4% este ano, mas com um viés de melhora.

O diretor de Política Econômica da autarquia, Fabio Kanczuk, frisou que, por conta da pandemia, itens de consumo e de serviços têm sofrido de maneira excepcional. Em serviços, ele exemplificou que hotéis e restaurantes têm sido frontalmente impactados. Em consumo, o diretor citou bens duráveis --como carros-- sendo afetados de forma "brutal".

Para seu viés positivo para o PIB, o BC considera que esses itens poderiam ter números menos negativos.

No geral, as concessões de crédito para pessoas físicas subiram 3,2% em maio frente a abril, enquanto para pessoas jurídicas houve diminuição de 7,7%.

Segundo Rocha, as concessões para empresas podem ter diminuído no mês, a exemplo do que aconteceu em abril, pelo fato de terem subido expressivamente em março, sensibilizadas pela alta procura na modalidade de capital de giro.

CRÉDITO MAIS BARATO

Em relação ao custo dos financiamentos no país, os juros médios caíram a 29,5% ao mês em maio, contra 31,3% no mês anterior, dado que considera apenas o segmento de recursos livres, no qual as taxas são definidas livremente pelas instituições financeiras.

Com isso, foram ao menor patamar registrado pelo BC desde dezembro de 2012 (28,9%).

O spread, que mede a diferença entre a taxa de captação dos bancos e a cobrada a seus clientes, caiu a 24,6 pontos no mesmo período, sobre 26,2 pontos no mês anterior.

Por sua vez, a inadimplência em recursos livres ficou estável em 4%.