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Tribo Yanomami diz que dois indígenas foram mortos por garimpeiros em Roraima

27/06/2020 13h18

BRASÍLIA (Reuters) - Dois homens da etnia indígena Yanomami foram mortos por garimpeiros com armas de fogo em sua reserva na região amazônica de Roraima, de acordo com comunicado divulgado neste sábado pela tribo, a maior do Brasil relativamente isolada.

Os Yanomami estão implorando ao governo federal que expulse mais de 20 mil garimpeiros que buscam ouro ilegalmente em suas terras no meio da pandemia de coronavírus, que já infectou mais de 160 e matou cinco integrantes da tribo.

A Hutukara Associação Yanomami disse que um grupo de seu povo se aproximou de um garimpo em 12 de junho para pedir comida na região montanhosa da Serra Parima, uma área remota da vasta reserva na fronteira venezuelana com o Estado de Roraima.

Um jovem membro da tribo foi morto em um incidente com tiros ao deixar a área e outro morreu após ser perseguido por garimpeiros armados, segundo o comunicado.

A liderança da tribo só soube do confronto de 12 de junho quatro dias atrás e as circunstâncias estão sendo investigadas pela Polícia Federal, que foi para a região onde os corpos dos homens, de 24 e 20 anos, ainda estavam na floresta.

"Eles foram mortos sem motivo", disse Junior Hekurari, chefe do conselho de saúde Yanomami, Condisi, que acompanhou a polícia até o local. "É muito triste morrer em sua própria terra."

A Fundação Nacional do Índio (Funai) não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.

Na semana passada, um tribunal ordenou que a Funai reabra três postos abandonados para monitorar a reserva e trabalhe para remover os garimpeiros por causa do risco de que eles estejam espalhando coronavírus entre as tribos, que não têm imunidade ou acesso à assistência médica.

A organização de direitos indígenas Survival International pediu às autoridades brasileiras que tomem medidas urgentes e decisivas para remover os garimpeiros ilegais e levar à justiça os responsáveis ​​pelos assassinatos.

"Se não, tememos que haja uma escalada na violência que pode resultar em mais derramamento de sangue, como aconteceu na corrida do ouro nos anos 1980-90", disse Fiona Watson, diretora de advocacia da Survival International.

(Reportagem de Anthony Boadle)