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Recuperação do Covid-19 para a Alemanha será lenta e dolorosa, mostram dados

06/07/2020 10h35

Por Joseph Nasr

BERLIM (Reuters) - As encomendas de produtos industriais alemães se recuperaram moderamente em maio, e um quinto das empresas da maior economia da Europa afirmou em pesquisa publicada nesta segunda-feira que teme falência, reforçando expectativas de uma recuperação lenta e dolorosa da pandemia de coronavírus.

A Alemanha resistiu melhor à pandemia do que outros grandes países europeus, registrando menos mortes por Covid-19, e sua economia foi relativamente resistente durante mais de seis semanas de quarentena, devido a generosos pacotes de estímulo e à decisão de manter fábricas e canteiros de obras em funcionamento.

Mas dados mostrando que as encomendas industriais aumentaram a um ritmo recorde de 10,4% durante um mês em que as restrições foram gradualmente retiradas --quase um terço a menos do que o previsto em pesquisa da Reuters-- frustraram esperanças de um rápido retorno da atividade empresarial ao nível pré-crise.

"Os dados de encomendas indicam que a recessão do setor manufatureiro deixou para trás seu ponto baixo", afirmou o Ministério da Economia. "Mas o baixo nível de encomendas também mostra que o processo de recuperação está longe de terminar."

O registro de novas ordens foi 30,8% menor do que em fevereiro, antes da imposição um mês depois de medidas de isolamento para retardar a propagação do coronavírus, e quase 30% abaixo do que em maio de 2019.

O medo de uma recuperação lenta foi agravado por pesquisa do instituto econômico Ifo segundo a qual 21% das empresas temem que a pandemia possa forçá-las a fechar. Os números da sondagem elevaram temores de que falências em massa nos próximos meses prejudicarão a economia.

IMPULSIONANDO A DEMANDA

O setor de serviços é o mais afetado, disse o Ifo. Cerca de 85% dos agentes de viagens e operadores turísticos disseram que estão sob ameaça de falência, seguidos por 76% dos hotéis e 67% dos restaurantes.

O governo quer reanimar a economia impulsionando o consumo por meio de taxas mais baixas de imposto sobre valor agregado na segunda metade do ano e uma renda pontual para pais.

O governo também anunciou jornada de trabalho reduzida, uma forma de auxílio estatal para incentivar empresas a manter o emprego dos funcionários durante a crise, o que ajudou a estabilizar o mercado de trabalho.

O governo espera que a economia encolha 6,3% neste ano, o que seria sua recessão mais profunda desde a Segunda Guerra Mundial.

Os dados desta segunda-feira mostraram que a entrada de encomendas da zona do euro saltou mais de 20%, contra alta de 2% em países fora do bloco.

"Os dados das encomendas industriais divulgados hoje trazem duas mensagens importantes: o fim de medidas de isolamento trouxe impulso em forma de V na atividade, mas o retorno aos níveis pré-crise não será fácil", disse o economista do ING Carsten Brzeski.

(Reportagem adicional de Michelle Martin e Scot Stevenson)