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Pedidos de auxílio-desemprego nos EUA seguem elevados mesmo com reabertura em alguns estados

Pandemia tem impacto a economia norte-americana - Getty Images
Pandemia tem impacto a economia norte-americana Imagem: Getty Images

Lucia Mutikani

Da Reuters, em Washington

09/07/2020 09h42

A demanda enfraquecida e o ressurgimento de novos casos de Covid-19 ajudaram a manter os novos pedidos de auxílio-desemprego extraordinariamente altos nos Estados Unidos, sugerindo que o mercado de trabalho permanece frágil, apesar do crescimento recorde de empregos em junho.

Os novos pedidos de auxílio-desemprego totalizaram 1,314 milhão, em dados com ajuste sazonal para a semana encerrada em 4 de julho, ante 1,413 milhão na semana anterior, informou o Departamento do Trabalho nesta quinta-feira. De acordo com o The Guardian, é a 15ª semana seguida em que os números caem, embora continuem altos.

Economistas consultados pela Reuters previam 1,375 milhão de novos pedidos.

As reivindicações atingiram uma máxima histórica de 6,867 milhões no final de março. Os novos pedidos vêm caindo gradualmente, apesar de ainda estarem em patamares praticamente duas vezes maiores que o pico alcançado durante a Grande Recessão de 2007 a 2009.

O número de pessoas que recebem benefícios caiu para 18,062 milhões na semana encerrada em 27 de junho, contra 18,760 milhões na semana anterior. Os chamados pedidos contínuos, informadas com atraso de uma semana, bateram um recorde de 24,912 milhões no início de maio.

O relatório, que traz os mais recentes dados sobre a saúde da economia, pode mostrar que o mercado de trabalho caminha para uma diminuição na geração de postos de trabalho em julho.

O governo informou na semana passada que 4,8 milhões de empregos foram criados em junho, um recorde desde que o governo começou a manter os registros em 1939. As empresas estão contratando trabalhadores que foram demitidos quando estabelecimentos como restaurantes, bares, academias e consultórios odontológicos precisaram ser fechados em meados de março para diminuir a disseminação do Covid-19.

A retomada das operações, no entanto, tem sido acompanhada por picos recordes de infecções por coronavírus em Estados densamente povoados, como Flórida, Texas e Califórnia. Isso forçou um recuo ou uma pausa nas reaberturas e enviou alguns trabalhadores de volta para casa.

Com a economia entrando em recessão em fevereiro, mesmo antes das paralisações, algumas empresas estão enfrentando uma demanda fraca, o que agravava a segunda onda de demissões. De varejistas a companhias aéreas, empresas anunciaram cortes de empregos e licenças.

Além disso, o estímulo vindo do programa do governo que concede empréstimos às empresas, que podem ser parcialmente perdoados se usados para pagar o salário dos funcionários, está diminuindo.

Antonio Diaz, de Miami (Flórida), pediu auxílio-desemprego quando foi demitido de seu emprego como mensageiro no Hotel Fontainebleau, depois de 15 anos de serviços. Ele recebeu US$ 275 (aproximadamente R$ 1250) do estado em Abril, e não recebeu mais nada desde então. Além disso, o pai e o avô de Diaz morreram de coronavírus, o que o deixou responsável pelos cuidados de sua avó.

"Sinto raiva do governador segurando as verificações de desemprego e, ao mesmo tempo, ao longo disso, sinto tristeza porque ainda estou sofrendo e preciso cuidar da minha avó", declarou ao The Guardian. "Sem essa ajuda do desemprego na Flórida, tornou todo esse processo muito mais difícil e tornou mais difícil para eu poder apoiá-la."