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BCE diz que estímulo amplo ainda é necessário para sustentar economia

16/07/2020 09h01

Por Balazs Koranyi e Francesco Canepa

FRANKFURT (Reuters) - O Banco Central Europeu (BCE) defendeu seu enorme pacote de estímulo pandêmico nesta quinta-feira e afirmou que espera ter de usar o volume total de compras planejadas de dívida para ajudar a zona do euro a permanecer viva durante a recessão provocada pelos isolamentos.

Lidando com o maior colapso econômico na memória viva, o BCE já está comprando enormes volumes de dívida e pagando aos bancos para emprestarem seu dinheiro, na esperança de salvar a economia do bloco até que a Europa esteja pronta para reabrir após as paralisações sem precedentes por causa do coronavírus.

Mas muitas de suas decisões foram tomadas na pressa e em geral guiadas pelo estresse do mercado, levando alguns críticos a pedir uma pausa para examinar a efetividade e qualquer efeito colateral não intencional da política monetária.

A presidente do BCE, Christine Lagarde, disse em entrevista à imprensa que os resultados agora mostram que seu pacote está funcionando e que mais "estímulo amplo" é necessário para conter a alta incerteza em torno dos esforços para combater o vírus e mitigar o impacto econômico.

"A menos que haja surpresas de alta significativas, nosso cenário básico é de que precisaremos do pacote inteiro de PEPP", disse ela sobre o volume de 1,35 trilhão de euros em compras planejadas de dívida no seu chamado Programa Pandêmico de Compras Emergenciais.

"É efetivo, adequado e está funcionado", disse ela.

Mais cedo, como esperado, o Conselho do BCE deixou inalterada a política monetária, após uma série de dados econômicos mais positivos após queda de dois dígitos na produção nos três meses até junho.

As autoridades do BCE também podem ter buscado manter a pressão sobre os líderes da União Europeia (UE) para finalmente chegarem a um acordo sobre um suporte fiscal, reduzindo o fardo sobre a política monetária sozinha.

"É importante que os líderes europeus concordem rapidamente com um pacote ambicioso", destacou Lagarde na véspera de uma cúpula em que os líderes tentarão acabar com diferenças nacionais sobre um esquema de 750 bilhões de euros em concessões e empréstimos da UE.

Uma segunda onda da pandemia está levantando dúvidas sobre a velocidade da recuperação, ponto destacado pelo economista-chefe do BCE, Philip Lane, o qual argumenta que a Europa enfrenta uma recuperação do tipo "dois passos à frente, um para trás". Isso pode significar que dados melhores agora dão pouca orientação sobre a trajetória à frente.

Lagarde disse que, apesar das evidências de que o pior momento foi em abril, permanece uma alta incerteza sobre a capacidade das autoridades de conter a disseminação do vírus e o impacto sobre receitas, emprego e demanda do consumidor.

As compras do PEPP continuarão até pelo menos junho de 2021, com os retornos dessas compras reinvestidos até o fim de 2022, disse ela.

O BCE ainda deixou claro que está pronto para fazer mais a qualquer momento, reafirmando sua antiga orientação de impulsionar a economia.

"O Conselho continua pronto para ajustar todos os seus instrumentos, conforme apropriado", disse o BCE em comunicado, acrescentando esperar que as taxas de juros permaneçam nos níveis atuais ou mais baixos.

Com a decisão desta quinta-feira, o BCE continua a caminho de comprar até 1,35 trilhão de euros em dívida até junho próximo segundo seu Programa Pandêmico de Compras Emergenciais e até 1,8 trilhão de euros se outras compras também forem incluídas.

Também manteve sua taxa de depósito na mínima recorde de -0,5%, enquanto a principal taxa de refinanciamento permaneceu em zero.