Preocupação com demanda por combustível retorna após novos surtos de covid-19 e lockdowns
Uma nova disparada no número de casos de coronavírus está desacelerando a recuperação no consumo de combustíveis em meio às medidas de "lockdown" aplicadas nos Estados Unidos e em outros países, o que aumenta as preocupações de que uma retomada no consumo após o impacto da pandemia poderá levar anos.
A demanda global por combustíveis recuou em 25% no auge dos "lockdowns", quando mais de 4 bilhões de pessoas em todo o mundo tiveram de se isolar em suas casas. O declínio sem precedentes na demanda forçou produtores a promover cortes recordes de bombeamento e estocar centenas de milhões de barris de petróleo.
O consumo de combustíveis recuperou parte do terreno perdido à medida que governos flexibilizaram as restrições de circulação e os cortes de produção colocaram um freio no excesso de demanda.
No entanto, essa recuperação tem estagnado, conforme o número de infecções volta a disparar nos EUA, maior consumidor global de combustíveis, e mantém a tendência de alta em outras grandes economias, como Brasil e Índia.
Na semana terminada em 11 de julho, a demanda por gasolina no varejo norte-americano cedeu 5% em relação à semana anterior, segundo a GasBuddy, empresa que monitora as compras de gasolina em tempo real, depois que diversos Estados voltaram a impor restrições para controlar surtos de covid-19.
Uma semana antes, a demanda também havia recuado — com isso, houve quedas por duas semanas seguidas pela primeira vez desde março, quando os "lockdowns" começaram.
"Normalmente, esse período de duas semanas teria sido o pico de demanda, e não conseguimos atingi", disse John Kilduff, sócio da Again Capital em Nova York.
No mundo, a demanda por gasolina avançou em quase 3 milhões de barris por dia (bpd) em junho ante maio, maior crescimento mensal da história, de acordo com a Agência Internacional de Energia (IEA,na sigla em inglês).
Mas os mercados estão preocupados com a possibilidade de que alguns países sejam atingidos por uma disparada de casos, assim como os EUA, em novas ondas da pandemia.
A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) acredita que uma segunda onda de casos pode fazer com que a demanda caia em 11 milhões de bpd neste ano, segundo um estudo interno da Opep visto pela Reuters. As expectativas atuais são de uma queda de 9 milhões de bpd na comparação anual.
"Se a segunda onda se materializar, a demanda global por petróleo vai se recuperar de forma muito mais lenta em 2021, arrastando os efeitos da pandemia sobre o mercado por ainda mais tempo", disseram analistas da Rystad Energy.
*Reportagem de Ahmad Ghaddar e Bozorgmehr Sharafedin em Londres, Stephanie Kelly, Laura Sanicola e Jessica Resnick-Ault em Nova York e Sonali Paul em Melbourne
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