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Tradener exporta energia para Argentina, prevê movimentar US$20 mi/semana

28/07/2020 16h10

Por Luciano Costa

SÃO PAULO (Reuters) - A comercializadora de eletricidade brasileira Tradener iniciou nos últimos dias exportações de energia para a Argentina que visam ajudar a atender à demanda do país vizinho durante o inverno, em operações que devem movimentar cerca de 20 milhões de dólares por semana, disse à Reuters um executivo da empresa.

As negociações envolvem energia produzida por termelétricas operadas no Brasil pelas francesas Engie e EDF e pela estatal paranaense Copel, que é revendida pela Tradener para a operadora do mercado elétrico argentino, a Cammesa, por meio de um contrato direto.

A transação, a primeira realizada dentro de uma regra aprovada em 2019 que permite intercâmbios comerciais, e não trocas, como no passado, ainda contou com garantias do Banco Itaú e da Junto Seguradora (ex-JMalucelli Seguradora).

"As exportações representam em torno de 20 milhões de dólares por semana. Vamos ver até quando vai. Normalmente, enquanto durar o inverno. Depois, pode voltar no verão --quando está muito frio ou muito quente lá, eles importam", explicou à Reuters o presidente da Tradener, Walfrido Avila.

"Conversamos com eles (Argentina) e até 20 de agosto, que é o inverno, isso pode se prolongar, continuar. Depois, acho difícil", acrescentou ele, ao ser questionado sobre a duração das exportações.

Avila afirmou que, no momento, apenas a Tradener realiza das exportações.

A Tradener recebeu em julho autorização do Ministério de Minas e Energia para exportar energia à Argentina até o final de 2022, no volume de até 2.200 megawatts médios (MW médios), por meio de estações conversoras na fronteira com o país.

"Eles estão pedindo de 1.200 MW médios a 1.500 MW médios, por enquanto, por semana", disse Avila.

Ele disse que a Tradener também tem mantido conversas com outras termelétricas que devem participar das exportações, incluindo uma usina da Âmbar Energia, unidade da holding J&F Investimentos, controladora do grupo de alimentos JBS.

Só podem exportar energia usinas térmicas que não estejam acionadas para atendimento à carga no Brasil, segundo regras para as operações estabelecidas pelo governo, que visam garantir a segurança energética do país.

O executivo da Tradener disse que apenas termelétricas "competitivas" conseguem realizar as vendas, uma vez que é preciso oferecer aos argentinos preços que permitam ao país vizinho desligar termelétricas locais a óleo com custo maior.

As operações também competem com exportações do Uruguai, que no momento está com sobras de energia, acrescentou Ávila.

Ele disse que a energia negociada pela Tradener com os argentinos é da termelétrica a carvão Jorge Lacerda, da Engie, e da usina a gás Norte Fluminense, da EDF, enquanto os próximos envios envolverão também energia da térmica a gás Araucária, da Copel.

NOVA REGRA

As exportações para a Argentina neste ano acontecem já sob novas regras para as transações, aprovadas em 2019, que permitem intercâmbios comerciais entre os países, com remuneração por preços de mercado.

Antes, Brasil e Argentina realizavam "trocas" de energia, com envios de um país para o outro que eram devolvidos posteriormente.

O Ministério de Minas e Energia disse nesta terça-feira que o Brasil tem exportado energia de termelétricas para a Argentina desde sábado.

Foram contabilizadas exportações de 688 MW médios no sábado, de 721 MW médios no domingo e de 842 MW médios na segunda-feira. Nesta terça-feira, deve ser exportado um total de 1.227 MW médios, por meio de cinco usinas termelétricas, disse o ministério, sem detalhar.