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Usiminas tem prejuízo de R$395 mi no 2º, decide religar alto-forno

30/07/2020 08h49

Por Paula Arend Laier e Alberto Alerigi Jr.

SÃO PAULO (Reuters) - A Usiminas teve prejuízo líquido de 395 milhões de reais no segundo trimestre, revertendo resultado positivo de 171 milhões de um ano antes, afetada por queda em volumes e receita, em meio à retração da atividade econômica desencadeada pela pandemia de Covid-19.

Apesar disso, a companhia anunciou que vai religar alto-forno 1 e aciaria 1 da usina de Ipatinga (MG), equipamentos que foram desligados em abril, como consequência da forte queda na demanda por aço registrada na época. Na ocasião, a empresa também paralisou o alto-forno 2, mantendo apenas atividade no 3 e nas aciaria 2, laminações e galvanizações.

"Como toda a indústria do setor, sobretudo para o segmento de aços planos, nós na Usiminas estamos confiantes que o pior já passou e que a trajetória agora é de retomada, apesar dos enormes desafios que temos pela frente", disse o presidente-executivo da Usiminas, Sergio Leite, em comunicado à imprensa.

Leite ecoou comentários feitos nesta semana pelo presidente-executivo do IABr, entidade que representa siderúrgicas do país e da qual ele também é presidente, de que o pior da crise ficou em abril e que o setor tem verificado uma gradual recuperação na demanda.

A Usiminas ainda anunciou elevação do plano de investimentos para o ano, de 600 milhões para 800 milhões de reais, após terminar junho com uma posição de caixa de 2,5 bilhões de reais. Os principais aportes devem acontecer na implantação do projeto de empilhamento a seco de rejeitos da Mineração Usiminas.

O resultado da empresa foi divulgado um dia depois que a rival CSN anunciou que está vendo espaço para novo reajuste de preços a distribuidores, desta vez em setembro, após aplicar aumento de 10% no segmento neste mês. A empresa também afirmou que vai reajustar preços para setores industriais em agosto.

O resultado operacional da Usiminas medido pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) caiu 63%, para 208 milhões de reais, com a margem Ebitda ficando em 9%, de 15% no mesmo trimestre de 2019.

Em uma base ajustada, o Ebitda ficou em 192 milhões de reais, declínio de 67% ano a ano, com a margem caindo pela metade, para 8%.

Estimativas compiladas pela Refinitiv apontavam, na média, prejuízo líquido de 170,15 milhões de reais e Ebitda de 218,18 milhões de reais.

Além do efeito da retração da atividade econômica, a Usiminas também citou como fatores para a queda provisão para contratos onerosos de insumos e serviços na unidade de siderurgia, relacionados aos efeitos da pandemia da Covid-19 no montante de 51 milhões de reais, provisão para créditos de liquidação duvidosa em 19 milhões também na divisão de siderurgia e provisão para reestruturação na unidade de bens de capital no montante de 19 milhões de reais.

De abril a junho, a receita líquida da Usiminas totalizou 2,4 bilhões de reais, uma queda de 34% ano a ano, com o volume de vendas de aço recuando 43%, para 608 mil toneladas, enquanto o de minério de ferros subiu 7%, para 1,9 milhão de toneladas.

O custo de produto vendido também caiu, 31%, para 2,1 bilhões de reais.

A dívida líquida consolidada em 30 de junho era de 3,7 bilhões de reais, uma elevação de 4,5% ante o final de março, em função da elevação da dívida bruta em razão da desvalorização do dólar ante o real, parcialmente compensada pela elevação no saldo de caixa e equivalentes de caixa em 5,6%.

O indicador de dívida líquida/Ebitda encerrou o trimestre em 2,2 vezes, de 1,7 vez no primeiro trimestre.