Eletrobras prevê investir R$6 bi/ano até 2035, ou R$12,6 bi/ano se privatizada
A estatal Eletrobras projeta investir R$ 6 bilhões por ano até 2035 na expansão de seu parque de geração e transmissão de energia, de acordo com plano estratégico divulgado ao mercado no sábado (1º).
Mas o montante poderia mais que dobrar, para R$ 12,6 bilhões anuais, no caso de sucesso em planos do governo para capitalizar e privatizar a companhia, disse a maior elétrica da América Latina em fato relevante.
Esses níveis de investimento seriam possíveis sem que a empresa se afastasse da disciplina financeira, com um indicador de alanvancagem medido pela relação entre dívida líquida e geração de caixa (Ebitda) abaixo de 2,5 vezes, afirma a Eletrobras nos documentos do planejamento estratégico 2020-2035.
Entre as metas da companhia para o período estão a criação de valor pelo aumento da eficiência dos ativos de geração e transmissão e o "investimento em novos negócios com foco em energia, participando da consolidação do setor (M&A)".
Na área de geração, os objetivos passam por expansão "priorizando energias limpas e oportunidades de térmicas a gás", além da busca pela liderança em comercialização de energia.
Os elevados valores previstos, que somariam R$ 6,5 bilhões por ano entre 2020 e 2024, incluídos recursos para a usina nuclear de Angra 3, ainda representam recuo frente ao passado recente, quando a companhia se envolveu em obras de grande porte incluindo hidrelétricas na Amazonônia como Belo Monte, Jirau, Santo Antônio e Teles Pires.
A Eletrobras chegou a sinalizar investimentos de R$ 15 bilhões em seu Plano de Negócios 2014-2018, que somava total de R$ 60,8 bilhões.
Mas a companhia enfrentou dificuldades para manter o ritmo de aportes após uma forte redução de receitas associada a um pacote de medidas do governo para reduzir as tarifas de energia a partir de 2012.
A Eletrobras acumulou R$ 31 bilhões em prejuízo líquido entre 2012 e 2015, voltando a lucros constantes apenas a partir de 2018, apontou a companhia no plano estratégico.
Entre 2015 e 2019, sob comando do atual CEO, Wilson Ferreira Jr, a companhia reduziu a alavancagem de 6,5 vezes para 2,2 vezes, com medidas que incluíram desinvestimentos, como a venda de ativos de geração e transmissão e de todas distribuidoras de energia do grupo, que eram deficitárias.
Para os próximos anos, a Eletrobras pretende consolidar sua liderança em geração e transmissão de energia, com foco em energia limpa, afirma a empresa no planejamento.
A estatal é responsável pela operação de cerca de um terço da capacidade de geração e metade da rede de transmissão de energia do Brasil.
Um projeto de lei do governo prevendo a desestatização da Eletrobras foi enviado ao Congresso no ano passado. O ministério de Minas e Energia tem afirmado que espera que a proposta possa ser aprovada neste ano, para que a operação ocorra em 2021.
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