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'Não desisti, de modo algum', diz Guedes sobre imposto nos moldes da antiga CPMF

Ministro Paulo Guedes: "Não há qualquer plano para estender o auxílio. Isso não é nossa intenção, não é o que o presidente disse" - Evaristo Sá/AFP/24-05-2019
Ministro Paulo Guedes: "Não há qualquer plano para estender o auxílio. Isso não é nossa intenção, não é o que o presidente disse" Imagem: Evaristo Sá/AFP/24-05-2019

Do UOL, em São Paulo

16/10/2020 19h31Atualizada em 16/10/2020 21h07

O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou hoje que não desistiu da implementação de um imposto sobre transações, nos moldes da antiga CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira), para bancar a ampla desoneração da folha das empresas.

Em evento promovido pela XP Investimentos, ele também negou que o governo irá estender o auxílio emergencial para 2021, frisando que haverá respeito à regra do teto de gastos, após o período de calamidade neste ano em função da pandemia de Covid-19.

Na véspera, Guedes havia dito à CNN Brasil que talvez desistisse do novo imposto. Nesta noite, contudo, ele justificou ter dado uma informação equivocada no lugar da sua usual explicação sobre a necessidade de um tributo dessa natureza para promover um bem maior — a geração de postos de trabalho.

"Eu não me importo se o tributo é feio desde que ele funcione criando novos empregos. É necessário. Mas então eu dei uma informação errada ontem, porque é esse o sentimento. Primeiro eu disse: 'Bem, talvez eu deveria ter falado com ela (repórter)'. Aí quando eu falo com ela, é o mesmo assunto, a mesma porcaria, que é: 'Você está criando uma nova CPMF?'. Não, de jeito nenhum. Ao invés de explicar, eu disse: 'Escute bem, eu esqueci, eu desisto'", afirmou ele.

O ministro disse que "de modo algum" desistiu da investida.

"Eu não sou um homem de desistir facilmente das coisas", emendou.

Guedes sempre se mostrou a favor da instituição de um imposto sobre transações de base ampla para bancar a desoneração da folha de salário das empresas, mas a equipe econômica ainda não chegou a formalizar sua proposta.

A desoneração da folha de pagamento atinge atualmente mais de 6 milhões de trabalhadores de 17 setores. A medida vale até o final do ano. Sua ampliação até 2021 foi vetada pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no início de julho, mas o Congresso ameaça derrubar esse veto.

A desoneração é considerada por alguns como fundamental para a criação de empregos e assim ajudar na recuperação econômica por conta da crise provocada pela pandemia do coronavírus. Com a medida, as empresas podem substituir a contribuição previdenciária de 20% sobre os salários por uma alíquota menor sobre a receita bruta.

Sobre a eventual extensão do auxílio emergencial para o próximo ano, o ministro se posicionou após preocupações nesse sentido terem novamente mexido com o mercado financeiro nesta sexta-feira.

Sem auxílio emergencial em 2021

"Não há qualquer plano para estender o auxílio, nenhum. Isso não é verdade. Isso não é nossa intenção, não é o que o presidente disse. Não é o que o ministro da Economia quer. De jeito nenhum", afirmou ele.

"A doença (Covid-19) está diminuindo e, à medida que diminui, o Brasil está em recuperação em 'V', e nós devemos ter responsabilidade quanto ao nosso orçamento e devemos mostrar que somos responsáveis, e fortes, e resilientes o suficiente para pagar pela nossa guerra, ao invés de rolar para nossas crianças no futuro", completou.

Ecoando falas recentes, o ministro voltou a defender que, caso o país seja novamente atingido por uma pandemia num outro ano, a reação será rápida e forte tal qual em 2020. À parte essa possibilidade, ele reiterou que é necessário respeitar o teto de gastos, que limita o crescimento dos gastos públicos à inflação medida no ano anterior.

"Quando a pandemia nos atingiu, nós criamos um regime emergencial. Agora, nós não podemos utilizar a desculpa do regime emergencial para explodir o teto de gastos", disse.

'Acelerar privatizações'

Ainda segundo Guedes, o governo está "só começando". "Nos dois primeiros anos, estávamos tentando sobreviver. No ano que vem, temos que acelerar privatizações, honrar o teto de gastos e manter juros baixos", afirmou o ministro.

"O Congresso está fazendo um grande trabalho e está inteiramente em conexão conosco. Temos uma maioria de centro-direita que está sendo construída. Rodrigo Maia está muito prestativo", acrescentou, citando o presidente da Câmara dos Deputados.

(Com informações da Reuters)