CEO da ADM vê temor com segurança alimentar por pandemia; destaca compras do Brasil
Por Tom Polansek
CHICAGO (Reuters) - A pandemia da Covid-19 está aumentando a preocupação de governos com a segurança alimentar, e pela primeira vez em muito tempo vários países precisam de ofertas de soja e milho dos Estados Unidos para atender às demandas, disse o presidente-executivo da Archer Daniels Midland, Juan Luciano, nesta sexta-feira.
A pandemia afetou as cadeias de oferta de todo o mundo, à medida que alguns consumidores estocam alimentos e o vírus ameaça as operações de processamento em caso de os trabalhadores contraírem a doença.
"Você vê governos mais preocupados com a segurança alimentar agora, e com a capacidade de continuar fornecendo alimentos para o mundo", disse Luciano em uma conferência após a divulgação dos resultados trimestrais da empresa.
A ADM, uma importante trading global de grãos, pode se beneficiar do aumento das preocupações, pois seus operadores e exportadores conectam regiões que possuem oferta em excesso àquelas que enfrentam déficits, afirmou Luciano.
O executivo disse ainda que o Brasil, maior produtor e exportador de soja do mundo, está entre os países que estão importando alimentos, incluindo a oleaginosa. Alguns dos fornecedores são Uruguai e Paraguai, parceiros comerciais do Mercosul.
Luciano afirmou que o Brasil esgotou seus estoques de soja e enfrenta um ambiente de inflação nos preços domésticos.
Na véspera, o presidente Jair Bolsonaro chamou a atenção para importações do país em um ambiente de baixa oferta após fortes exportações.
Os comentários foram feitos em meio a informações de mercado não confirmadas de que o Brasil importou soja dos EUA.
Enquanto isso, os agricultores da Argentina, onde a moeda é muito volátil, têm pouco incentivo para vender sua produção, disse Luciano, o que coloca os EUA na posição de fornecedor fundamental.
"Pela primeira vez em muito tempo, o mundo precisa da oferta tanto de soja quanto de milho dos EUA", afirmou o executivo.
O governo da China está discutindo emitir para o ano que vem cotas para importações adicionais de milhões de toneladas de milho, conforme noticiou a Reuters, em meio a uma disparada na demanda por ração animal.
"Hoje, o mundo está apertado... Há uma grande demanda da China", disse Luciano.
A ADM hibernou a produção de duas usinas de etanol de milho nos EUA neste ano, uma vez que a pandemia reduziu a demanda por gasolina. As instalações permanecerão hibernadas no inverno (do Hemisfério Norte), mas podem ser retomadas no primeiro semestre de 2021, acrescentou o diretor financeiro da empresa, Ray Young.
Em outras unidades, a ADM aumentou a produção de álcool para a fabricação de higienizadores de mãos.
(Reportagem adicional de Roberto Samora, em São Paulo)
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