Logo Pagbenk Seu dinheiro rende mais
Topo

Consumo de gás fecha agosto estável, mas uso em térmicas deve aumentar, diz Abegás

Consumo de gás fecha agosto estável, mas uso em térmicas deve aumentar, diz Abegás - Reuters Photographer
Consumo de gás fecha agosto estável, mas uso em térmicas deve aumentar, diz Abegás Imagem: Reuters Photographer

11/11/2020 16h06

SÃO PAULO (Reuters) - O consumo de gás natural no Brasil ficou estável em agosto ante julho, ainda apontando forte retração frente ao desempenho no ano passado, após impactos da pandemia de coronavírus sobre o setor, mostraram dados da Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás) hoje.

Nos próximos meses, no entanto, espera-se uma maior demanda por parte de termelétricas, uma vez que essas usinas têm sido mais acionadas para apoiar o atendimento à demanda por energia em meio a chuvas fracas na região das hidrelétricas, principal fonte de geração do Brasil.

"Ainda não temos os dados fechados de setembro, então não dá para dizer se o despacho térmico foi superior ao de 2019, mas realmente a perspectiva é de que seja superior, bem superior ao mês de agosto", disse à Reuters o diretor de Estratégia e Mercado da associação de distribuidoras, Marcelo Mendonça.

Essa demanda extra, inclusive, não vai se concentrar em setembro, uma vez que no mês passado o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico, que reúne técnicos da área de energia do governo, aprovou o acionamento de ainda mais térmicas para preservar o nível dos reservatórios hídricos, em operação que tem sido mantida até o momento.

O consumo total de gás do Brasil em agosto foi de 51,8 milhões de metros cúbicos/dia, sem alteração frente a julho e 26,7% abaixo do nível em mesmo mês de 2019.

O segmento de geração de eletricidade, que alterna com a indústria o posto de maior demandante do energético, respondeu por 14,3 milhões de m³ no mês, com recuo de 7,3% ante julho e queda de 24,8% frente ao mesmo período do ano passado, quando as térmicas foram acionadas mais cedo.

O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) disse que o acionamento dessas usinas, com custos maiores que as hidrelétricas, deve ser mantido até que se confirme o início do chamado "período úmido" na região dos reservatórios, que geralmente tem início em novembro, mas dá sinais de atraso.

Na indústria, que liderou o consumo em agosto, com 26,8 milhões de m³, houve recuperação de 2,6% nos volumes em base mensal, embora a demanda tenha seguido 3% abaixo dos níveis de agosto de 2019, antes da pandemia. No período de 12 meses, a retração no setor foi de 3,1%.

Entre veículos que usam gás (GNV), o uso do insumo aumentou 9,8% frente ao mês passado, mas teve queda de 11% em base anual, segundo a Abegás.

O segmento residencial, único a manter a força em meio à pandemia, com muitas pessoas ainda trabalhando de casa, teve alta de 1,5% em base mensal e avanço de 2,56% na comparação ano a ano.

A Abegás destacou ainda o desempenho do setor comercial, que viu o consumo disparar 21,6% em agosto frente a julho, diante da flexibilização de medidas de distanciamento adotadas para reduzir a disseminação da Covid-19. Em base anual, no entanto, o segmento ainda tem retração de 29%.

TÉRMICAS

A associação que representa empresas de distribuição de gás tem defendido junto ao governo e parlamentares um programa de contratação de novas usinas térmicas como forma de gerar uma demanda firme que viabilize investimentos necessários para escoar até a costa reservas do energético em campos do pré-sal.

A secretária-executiva do Ministério de Minas e Energia, Marisete Pereira, disse no final de outubro que o governo não pretende apoiar a contratação compulsória de termelétricas, mas a Abegás pretende insistir no assunto, inclusive junto a políticos.

Para a entidade, um blecaute de grandes proporções registrado no Amapá na terça-feira passada e ainda não totalmente solucionado mostra que há espaço para inserir mais geração a gás no sistema.

"Acho que com o evento do Amapá fica realmente clara a necessidade do despacho termelétrico... a gente acredita que essas mudanças possam estar constando no projeto de Lei do Gás, que essa alteração possa ser inserida nas discussões", disse Mendonça.

O projeto citado pelo executivo, que define um novo marco natural para o setor de gás, foi aprovado pela Câmara em setembro e aguarda votação no Senado.