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Louis Dreyfus vende fatia para ADQ e receberá 1º investimento externo

11/11/2020 10h01

Por Gus Trompiz

PARIS (Reuters) - A Louis Dreyfus Company (LDC) fechou acordo para vender uma participação de 45% na empresa para a ADQ, que possui sede em Abu Dhabi, informaram as companhias nesta quarta-feira, no que se torna o primeiro investimento externo no grupo de commodities de propriedade familiar criado há 169 anos.

O acordo ocorre após uma longa busca da presidente do conselho Margarita Louis-Dreyfus por um novo investidor, com o objetivo de aliviar as dívidas contraídas com a compra de fatias de outros acionistas, e amplia a investida da holding estatal ADQ no setor de commodities alimentícias, cruciais para os Estados do Golfo Pérsico, que dependem de importações.

A Louis Dreyfus é uma das componentes do chamado quarteto "ABCD" do setor de trading de commodities agrícolas, junto com Archer Daniels Midland , Bunge e Cargill .

O preço da transação não foi revelado, mas a assessoria de imprensa da LDC afirmou que pelo menos 800 milhões de dólares irão para o repagamento de um empréstimo de 1 bilhão de dólares obtido pela LDC para o resgate da sucroalcooleira brasileira Biosev, que é controlada por uma de suas holdings.

A operação também inclui um acordo de longo prazo para venda commodities agrícolas para os Emirados Árabes Unidos, segundo as empresas.

"Nós estamos satisfeitos em receber a ADQ em nosso grupo de acionistas como parceiros de longo prazo e investidores, com uma visão comum para o futuro da LDC, e uma experiência que trará mais valor adicional para o negócio e apoiará a ambição do grupo", disse Margarita Louis-Dreyfus.

Ela, que assumiu o controle da LDC em 2009, com a morte de seu marido Robert, procurava por um investidor depois de obter um empréstimo de 1 bilhão de dólares com o Credit Suisse para comprar fatias de acionistas minoritários familiares no início de 2019, após negociações conturbadas.

Na sequência, o fundo Akira, de sua família, passou a controlar mais de 96% da holding da LDC, que por sua vez possui cerca de 95% da LDC, com funcionários controlando o restante.

As tensões entre os acionistas coincidiram com um período de lucros reduzidos na comercialização de produtos como cereais, algo que levou a LDC --assim como empresas rivais-- a focar no processamento de alimentos.

O acordo com a ADQ alivia a pressão financeira sobre a LDC e sua presidente, ao mesmo tempo que posiciona a empresa para capturar a demanda do Oriente Médio, disse Jean-François Lambert, consultor e ex-banqueiro especializado em commodities.

"A LDC pode se tornar a campeã em alimentos e oferta agrícola no Oriente Médio", afirmou.

A operação está sujeita a condições de fechamento, incluindo aprovações regulatórias, disseram as empresas. O Rothschild assessorou a ADQ, enquanto o Credit Suisse assessorou a LDC.

(Reportagem de Gus Trompiz, com reportagem adicional de Michaell Hogan, Sudip Kar-Gupta, Soumyajit Saha e Davide Barbusia)