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Volume de serviços do Brasil tem 4ª alta seguida em setembro, mas segue abaixo do nível pré-pandemia

Por Camila Moreira e Rodrigo Viga Gaier
Imagem: Por Camila Moreira e Rodrigo Viga Gaier

12/11/2020 09h02

Por Camila Moreira e Rodrigo Viga Gaier

SÃO PAULO/RIO DE JANEIRO (Reuters) - O volume do setor de serviços brasileiro cresceu em setembro pelo quarto mês seguido, mas ainda encontra dificuldades para recuperar as perdas acumuladas no ápice da pandemia de coronavírus.

No mês, o volume apresentou avanço de 1,8% na comparação com agosto, de acordo com os dados divulgados nesta quinta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O resultado do setor, que tem importante peso sobre o Produto Interno Bruto do país, ficou acima da expectativa em pesquisa da Reuters de alta de 1,1%.

Na comparação com setembro do ano anterior, houve recuo de 7,2% no volume de vendas, sétima taxa negativa seguida nessa base de comparação, contra expectativa de queda de 8,1%.

O volume de serviços apresentou perdas de 19,8% de fevereiro a maio devido principalmente às medidas de contenção da Covid-19, e vem agora buscando se recuperar conforme as restrições são levantadas.

Ainda assim, os ganhos acumulados entre junho e setembro chegam apenas a 13,4%, e volume de serviços ainda está 18,3% abaixo do recorde histórico, de novembro de 2014, e 8,0% abaixo de fevereiro de 2020.

Além disso, o setor que depende amplamente do contato presencial acumula contração no ano de 8,8%, tendo terminado o terceiro trimestre com alta de 8,6% sobre os três meses anteriores, após contrações de 15,5% e 2,9%, respectivamente nos segundo e primeiro trimestres.

?A dificuldade maior dos serviços em reagir se deve ao caráter presencial da prestação de serviços: hospedagem, turismo, bares, restaurantes e outros", explicou o gerente da pesquisa, Rodrigo Lobo.

No mês de setembro houve alta em quatro das cinco atividades pesquisadas. O setor de outros serviços teve avanço de 4,8% na comparação com o mês anterior, sendo o único a superar o nível pré-pandemia e chegando ao maior patamar desde outubro de 2014, como reflexo da alta nos serviços financeiros e auxiliares.

"As empresas nesse segmento vêm obtendo incrementos de receita desde o segundo semestre de 2018 em função da redução consistente da taxa Selic, que reduziu os ganhos com a poupança e levou os agentes econômicos a buscarem alternativas mais atraentes de investimentos, sejam de renda fixa ou variável", disse Lobo.

"Empresas que atuam como intermediárias desse processo de captação recursos, tais como as corretoras de títulos e as administradoras de bolsas de valores, têm obtido ganhos expressivos de receita por conta da maior procura por ativos de maior rentabilidade?, completou.

Os serviços de informação e comunicação apresentaram alta no volume de 2,0% em setembro; enquanto serviços prestados às famílias subiram 9,0% e transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio tiveram alta de 1,1%.

A única contração em setembro foi apresentada por serviços profissionais, administrativos e complementares, de 0,6%.

A mais recente pesquisa Focus realizada pelo Banco Central aponta que o mercado espera uma contração econômica este ano de 4,80%, com um crescimento de 3,31% em 2021.