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Tribunal suíço julga bilionário Beny Steinmetz culpado de corrupção

22/01/2021 10h25

Por Stephanie Nebehay

GENEBRA (Reuters) - Em um veredicto histórico para um dos mais importantes casos legais do mundo da mineração, um tribunal penal suíço julgou nesta sexta-feira o bilionário israelense Beny Steinmetz como culpado de corrupção e falsificação, condenando-o a cinco anos de prisão com uma multa considerável.

A decisão, após duas semanas de julgamento, é um duro golpe para Steinmetz, um negociador de diamantes, cuja busca pelos mais ricos depósitos inexplorados de minério de ferro do mundo o colocou no centro de uma batalha que gerou investigações e litígios em todo o mundo.

Steinmetz disse que vai recorrer da decisão, que também inclui uma multa de 50 milhões de francos suíços (56,48 milhões de dólares).

"É uma grande injustiça", disse ele a repórteres no pátio do tribunal de Genebra.

Steinmetz e outros dois foram acusados de pagar --ou providenciar o pagamento-- de 10 milhões de dólares em propinas, entre 2006 e 2010, para Mamadie Touré, que segundo procuradores era uma das esposas do ex-presidente Lansana Conte, para obter contratos de exploração de minério de ferro na remota cordilheira de Simandou, na Guiné.

Eles também foram acusados de falsificação de documentos, com o objetivo de esconder a operação por meio de uma rede de empresas de fachada e contas bancárias.

Touré, que vive na Flórida, não pôde ser contatada para comentários.

Os três réus negaram as acusações.

A juíza Alexandra Banna, que presidiu o julgamento, afirmou que Steinmetz e os outros réus utilizaram contas falsas e tentaram destruir documentos incriminatórios para esconder seus atos.

Banna disse que Steinmetz obteve lucros imediatos com os direitos de mineração, mas que nenhum centavo foi para a Guiné.

Nenhum membro do governo guineano estava imediatamente disponível para comentários.

Steinmetz, de 64 anos, ex-morador de Genebra que voltou para Israel em 2016, já foi considerado um bilionário e um dos homens mais ricos do país. Questionado pelo tribunal sobre uma estimativa para sua fortuna pessoal, Steinmetz disse possuir de 50 milhões a 80 milhões de dólares.

O ponto central da defesa de Steinmetz foi sua afirmação de que não estava envolvido na gestão diária da Beny Steinmetz Group Resources (BSGR). Ele se descreveu como o proprietário e embaixador da empresa, mas não o chefe do grupo.

A juíza, em fala contundente, disse que a tese de defesa de Steinmetz não se sustentou.

"Ele é o chefe efetivo do grupo".

O julgamento de Genebra, realizado em um tribunal do século 18, é um dos muitos casos legais que surgiram em Simandou.

Há um prazo de 10 dias para apresentação de recursos.

(Reportagem de Stephanie Nebehay)

((Tradução Redação Rio de Janeiro, 5521 2223-7104))

REUTERS MN NF LC GA