Sessão para escolha dos demais cargos da Mesa da Câmara é transferida para quarta-feira
Por Maria Carolina Marcello
BRASÍLIA (Reuters) - A eleição de integrantes da Mesa Diretora da Câmara dos Deputados deve ocorrer na manhã da quarta-feira diante de um acordo selado entre partidos, segundo o novo presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), após uma série de negociações ao longo desta terça-feira.
Eleito na véspera, Lira anunciou em seu perfil do Twitter o acordo, sem fornecer detalhes. Uma das ofertas na mesa de negociação envolvia a não judicialização do caso.
"Chegamos a um acordo sobre a eleição da Mesa Diretora. Sempre trabalharei para que os acordos sejam feitos, ouvindo sempre a maioria", disse Lira, no Twitter.
A chegada a um ponto comum ameniza o clima na Casa e tenta evitar uma judicialização ainda maior do tema --o PDT já acionou o Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o tema na tarde desta terça-feira e Lira terá dez dias para explicar sua decisão à corte.
Segundo duas fontes consultada pela Reuters, como esperado, a primeira vice-presidência da Casa ficará a cargo do PL, que sugere o nome de Marcelo Ramos (AM). A segunda vice-presidência será destinada ao PSD, que lançou André de Paula (PE); a primeira secretaria, importante posto, vai para o PSL, para Luciano Bivar (PE).
O PT deve ficar com a segunda secretaria, e pretende indicar Marília Arraes (PE). A terceira secretaria irá para o PSB, enquanto a quarta secretaria ficará com o Republicanos, da deputada Rosângela Gomes (RJ). As suplências da Mesa ficarão com o PDT, DEM, PV e PSC.
A expectativa inicial era a que os nomes de todos os integrantes da Mesa já estivessem definidos na segunda-feira, após a divulgação da vitória de Lira.
Vencedor com uma maioria esmagadora de votos, Lira discursou, de pé, ao lado da cadeira de presidente da Câmara já vazia. Esperava-se que ao tomar posse do cargo, já sentado na cadeira, o deputado daria continuidade ao processo eleitoral, já que os colegas tinham escolhido os nomes para todos os cargos de uma vez só.
O parlamentar, no entanto, surpreendeu boa parte do plenário e anulou decisão da gestão anterior que aceitou a inscrição do bloco de sustentação da candidatura adversária à presidência da Câmara, do deputado Baleia Rossi (MDB-SP).
A sessão para a escolha dos demais nomes passou, então, para a tarde desta terça-feira. Mas desenhou-se ao longo do dia a tentativa de acordo, já que a atitude de Lira pode acirrar o clima na Casa em um momento de promessas de aprovação de Propostas de Emendas à Constituição (PEC) com reformas.
As PECs exigem um quórum elevado de aprovação -- ao menos 308 votos, 6 a mais do que o obtido por Lira na votação pela sucessão do comando da Câmara na véspera.
O acordo ainda não havia sido selado e, por isso, o restante da eleição foi transferido para a quarta-feira.
O bloco de Lira é sustentado por PSL, PL, PP, PSD, Republicanos, PTB, Pros, Podemos, PSC, Avante e Patriota.
Baleia, por sua vez, foi apoiado por MDB, PT, PSB, PSDB, PDT, SD, PCdoB, Cidadania, PV e Rede.
Adversários de Baleia apontam atraso no registro do bloco, que deveria ter ocorrido até as 12h da segunda-feira. Foi com base nessa falha que Lira tomou sua primeira decisão como presidente e anulou a formação do bloco.
O novo presidente determinou à Secretaria-Geral da Casa que calculasse novamente a distribuição dos cargos da Mesa pelo critério da proporcionalidade, mas desconsiderando o bloco de Baleia. Pela regra que leva em conta a proporção para a distribuição de cargos, partidos que apoiaram Baleia teriam mais força e número se estivessem aglutinados em um bloco.
(Reportagem adicional de Ricardo Brito)
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