Dólar cairá a R$4,95 ao final do ano, mas câmbio seguirá vulnerável a fiscal, diz UBS BB
Por José de Castro
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechará o ano em 4,95 reais, prevê o UBS BB, citando aumento dos termos de troca, balanço de pagamentos favorável e cenário de aumento de juros. O dólar estava em 5,45 reais nesta quinta-feira.
Segundo o banco, os termos de troca --razão entre preços de exportação e importação-- saltaram 15% desde junho, indo a máximas em cerca de cinco anos. Além disso, o déficit em transações correntes está nas mínimas em uma década, com o setor externo bem-posicionado diante da recuperação da China.
Entre outros fatores pró-real, o UBS citou aumento do interesse local por títulos públicos de prazos mais longos e que a queda na participação estrangeira na dívida em dezembro ante novembro pode ser apenas transitória.
"Os locais reduziram suas posições vendidas em real de forma significativa desde outubro e os estrangeiros marginalmente cortaram suas apostas contra a moeda nas últimas semanas", disseram em nota o economista Fabio Ramos e o estrategista Roque Montero.
As avaliações são baseadas numa expectativa de aprovação de reformas. "Prevemos um ambiente melhor neste ano e mudanças na Constituição podem trazer alguma flexibilidade ao rígido Orçamento federal, permitindo ao governo abrir espaço para mais transferências para famílias de baixa renda, embora respeitando a regra do teto de gastos", afirmaram.
O banco lembrou ainda a perspectiva de aumento de juros como fator a beneficiar o real --a instituição prevê Selic de 4% ao fim de 2020, o dobro da taxa atual.
Mas, ainda assim, o UBS vê qualquer otimismo para a moeda como cauteloso e, por isso, prefere assumir posições a favor via mercado de opções, citando "elevada incerteza" e tempo "limitado" para progressos na agenda de reformas.
"Outubro/novembro é sem dúvida o início do período pré-eleitoral antes das eleições presidenciais de outubro de 2022, mas a aprovação da PEC Emergencial deve criar espaço para que o real se fortaleça caso o sentimento global de risco permanecer benigno."
"Com o aumento das taxas de juros no horizonte, os juros em reais podem aumentar. Dito isso, os riscos fiscais continuarão a ditar o destino do real", finalizaram os profissionais.
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