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Desemprego baterá pico de quase 17% no 1º semestre, mas vacinação ajudará a reduzir taxa até fim do ano, diz Santander

Recuperação do emprego será vista na segunda metade do ano, na esteira da reabertura da economia e da aceleração da vacinação, disseram profissionais do Santander Brasil - Getty Images/iStockphoto/FG Trade
Recuperação do emprego será vista na segunda metade do ano, na esteira da reabertura da economia e da aceleração da vacinação, disseram profissionais do Santander Brasil Imagem: Getty Images/iStockphoto/FG Trade

José de Castro

Em São Paulo

05/02/2021 08h33

A taxa de desemprego no Brasil alcançará um pico de 16,9% neste primeiro semestre, sobretudo por causa da normalização nos números da força de trabalho, após um primeiro trimestre afetado por fim de transferência de renda e piora da pandemia, mas uma recuperação do emprego será vista na segunda metade do ano, na esteira da reabertura da economia e da aceleração da vacinação, disseram profissionais do Santander Brasil.

O ano de 2021 como um todo ainda será "desafiador", com o país devendo emergir da crise da covid-19 com a informalidade superando o mercado formal de emprego. "Em outras palavras, esperamos que a estrutura geral do mercado de trabalho seja mais precária", disseram Lucas Maynard, Ítalo Franca e Gabriel Couto em relatório enviado com exclusividade à Reuters.

Eles notam que o agravamento da pandemia no Brasil, a incerteza sobre o início do processo de vacinação mais ampla no país, o fim do auxílio emergencial, atraso nas reformas econômicas e possibilidade de mudança no regime fiscal são riscos negativos ao cenário do Santander para o mercado de trabalho.

"Nesse sentido, a relação entre emprego e as taxas de aprovação pelo governo deve ser cuidadosamente acompanhada, em nossa opinião, conforme a alta esperada no desemprego no primeiro semestre pode ser um fator adicional para gerar pressão no debate sobre políticas fiscais e sociais."

O Santander prevê que o governo anunciará um novo auxílio emergencial por quatro meses, ao custo de R$ 25 bilhões. Ainda assim, a massa salarial no Brasil sofreria uma queda real de 6,6%, depois de alta estimada em 3,1% em 2020, apoiada nos programas de transferência de renda.

Mas, ao longo do segundo semestre, o Santander acredita que a taxa de desemprego deva começar a cair à medida que a abertura da economia ganhar tração e a imunização contra a covid-19 acelerar. O banco prevê que a desocupação fechará 2021 em 13,5% —com criação líquida de 120 mil a 150 mil vagas formais — e terminará 2022 em 13,1%. No trimestre encerrado em novembro de 2020, a taxa estava em 14,1%, segundo o IBGE.

"A gente acredita que uma agenda econômica que melhore o PIB potencial ajude na retomada do emprego. A reforma tributária, os marcos regulatórios também podem contribuir", disse Ítalo Franca, economista no Santander com foco em política fiscal, em entrevista à Reuters.

O Santander prevê que, com a economia tomando fôlego no segundo semestre, haja abertura de cerca de 1,5 milhão de postos de trabalho (entre vagas formais e informais) nos segmentos mais golpeados pela pandemia, como os setores de serviços prestados às famílias e serviços domésticos, enquanto a vacinação acelera e deve chegar a quase 60% da população até o fim de 2021.

Mesmo com essa retomada do emprego no segundo semestre, o economista Gabriel Couto ainda vê o hiato do mercado de trabalho bastante aberto. "A gente acredita que esse hiato não deva se fechar tão cedo", disse, citando uma previsão de taxa neutra de desocupação entre 12,5% e 13%. O economista disse que, considerando a mesma força de trabalho de antes da pandemia, a taxa de desemprego no Brasil teria alcançado um pico próximo de 20% no terceiro trimestre de 2020.