FGV: Agravamento da pandemia causará retração econômica no 1º trimestre e ameaça o 2º
A economia caminha para uma contração neste primeiro trimestre e a escalada da pandemia ameaça fazer do segundo trimestre outro período perdido, avaliou nesta segunda-feira Emerson Marçal, coordenador do Centro de Macroeconomia Aplicada da Escola de Economia de São Paulo da FGV (FGV EESP), o qual estima que o PIB tenha registrado em 2020 um dos piores desempenhos em mais de um século.
"Fevereiro foi um mês estranho, sem Carnaval, sem maior circulação de pessoas... E alguns números de confiança, que são um indicador antecedente da atividade econômica, têm vindo piores", afirmou.
Os índices de confiança nos serviços e na indústria no Brasil caíram pelo segundo mês consecutivo em fevereiro, e o sentimento dos consumidores recuou em quatro dos últimos cinco meses.
"Parece que a pandemia está voltando forte nas capitais. Se realmente esse aumento for sustentado... não tem como a economia resistir a isso (no segundo trimestre)", disse.
"No melhor cenário, se a gente passar bem por março e abril, a economia deve consolidar o patamar de recuperação. Mas meu cenário é que a atividade vai sofrer o baque no primeiro e no segundo trimestre. Não tem como manter uma trajetória estável de recuperação com esse abre e fecha da economia."
Vários dos estados mais atingidos pela pandemia de covid-19 no Brasil impuseram novas medidas de restrição ou reforçaram as que já vinham sendo aplicadas, diante de temores de colapso nos sistemas de saúde, apesar de críticas abertas do presidente Jair Bolsonaro ao fechamento de atividades.
Na próxima quarta-feira o IBGE divulga os dados do Produto Interno Bruto (PIB) do quarto trimestre de 2020. A estimativa da FGV, conforme relatório assinado por Marçal e Oscar Simões, é de alta de 2,17% sobre os três meses imediatamente anteriores, em dado com ajuste sazonal. Na comparação anual, porém, ainda deverá haver contração de 2,35%.
Pelos cálculos da FGV, o PIB em 2020 caiu 4,36%, o que seria a maior queda em pelo menos cem anos, segundo números do IBGE e do Ipea.
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