Dólar passa a subir forte ante real; decisões de juros no Brasil e nos EUA ficam no radar
Por Luana Maria Benedito
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar passava a subir contra o real nesta segunda-feira, depois de ter apresentado perdas expressivas na semana passada, enquanto os investidores ficavam de olho na alta dos rendimentos dos Treasuries em semana marcada por decisões de política monetária nos Estados Unidos e no Brasil, com amplas expectativas de elevação da taxa Selic.
Às 10:51, o dólar avançava 1,27%, a 5,6299 reais na venda, depois de ter chegado a cair quase 0,5% na mínima do dia, a 5,5319 reais, enquanto o contrato mais líquido de dólar futuro ganhava 1,21%, a 5,625 reais.
Luciano Rostagno, estrategista-chefe do banco Mizuho, disse à Reuters que uma possível explicação para os ganhos apresentados pela moeda norte-americana nesta manhã seria a valorização recente do real. O dólar fechou a semana passada em baixa de 2,19% contra a divisa brasileira, maior queda desde a semana finda em 4 de dezembro passado (-3,77%).
"Recentemente, houve um movimento bem pronunciado do real; chegamos a flertar com 5,90 por dólar (na semana passada), mas a moeda fechou a semana perto dos 5,55", explicou, citando um movimento de realização de lucros.
Ao mesmo tempo, o índice do dólar contra uma cesta de moedas subia nesta manhã, refletindo a alta dos rendimentos dos títulos norte-americanos. A taxa do Treasury de dez anos era negociada a 1,6320% nesta segunda-feira, perto da máxima de sexta-feira de 1,6420%, um nível visto pela última vez em fevereiro.
Ainda assim, peso mexicano, lira turca e rand sul-africano, moedas consideradas arriscadas, avançavam contra o dólar.
No Brasil, o Banco Central anunciará na quarta-feira sua decisão de política monetária, ao fim de uma reunião de dois dias, com amplas expectativas entre os economistas de elevação da taxa Selic a 2,50%, ante patamar atual de 2%, uma mínima histórica.
"O BC vai antecipar para quarta-feira um ciclo moderado de alta de juros que aconteceria mais para frente", disse Rostagno. Para ele, "embora ainda não haja uma pressão disseminada da alta dos preços, há itens que estão oferecendo pontos de pressão. A preocupação do BC é de que um novo choque dos preços pudesse desancorar as expectativas de inflação."
Na semana passada, dados divulgados pelo IBGE mostraram que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) disparou a uma alta de 0,86% em fevereiro, ante 0,25% no mês anterior.
Já Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset, opinou em nota que "o desafio imposto pelo câmbio ao BC deve levar a uma (alta) imediata nos juros, com elevação em nossa projeção de 50 pontos-base, mais como forma de debelar a volatilidade na relação real/dólar do que evitar uma inflação de consumo que evidentemente não está acontecendo".
O banco central norte-americano também anunciará sua decisão de política monetária na quarta-feira, e a expectativa é de que o Federal Reserve mantenha sua taxa de juros, apesar da alta recente dos rendimentos dos títulos e das maiores expectativas de inflação.
Na última sessão, na sexta-feira, a moeda norte-americana spot fechou em alta de 0,33%, a 5,5594 reais na venda.
O Banco Central realizou nesta sessão um leilão de swap tradicional, vendendo todos os 10 mil contratos distribuídos entre os vencimentos junho e dezembro de 2021.
Além disso, a autarquia anunciou para esta segunda leilão de swap tradicional para rolagem de até 16 mil contratos com vencimento em dezembro de 2021 e abril de 2022.
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